
“A inovação não se impõe por decreto; ela se conquista pela força de uma comunidade convencida de seu próprio futuro”, afirmou o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, durante a cerimônia de inauguração do Prédio do Inova USP – Complexo São Carlos, realizada no dia 8 de dezembro.
Participaram da cerimônia autoridades acadêmicas e municipais, representantes de instituições como Senai, Senac, Sebrae, Ciesp, ParqTec, Instituto Angelim, e Embrapa, além de empresas, servidores, docentes e estudantes. O novo espaço, apresentado como um marco de consolidação da cultura de inovação na Universidade, foi definido como resultado de um esforço contínuo para aproximar ensino superior, setor produtivo e sociedade em todas as suas dimensões.
O novo prédio conta com 535 m², sendo 465 m² para o Inova e 70 m² para a Agência USP de Inovação (Auspin). Para o coordenador do InovaUSP/SC, Tito José Bonagamba, essa inauguração destaca os dois significados centrais do empreendimento: de um lado, a criação de um ambiente interno de integração, reunindo diferentes áreas em torno de desafios transdisciplinares; de outro, a construção de um elo contínuo com a sociedade, articulando instituições públicas, empresas, parceiros e agentes comunitários para identificar problemas, propor soluções e transformar conhecimento em impacto.
O coordenador ressaltou que, antes mesmo da entrega física do espaço, já havia um movimento intenso de articulação. “Esse espaço esteve em construção ao longo desses quatro anos, mas nós não poderíamos perder tempo. Construímos antes uma comunidade integrada que pensa inovação no sentido mais amplo da palavra: desenvolvimento socioeconômico democrático, inclusivo, que não é somente de inovação tecnológica, mas também de inovação social.”
Ao agradecer equipes administrativas, unidades do campus, parceiros e empresas, fez um reconhecimento especial ao reitor: “Esse espaço só tem sucesso porque uma pessoa abraçou o projeto: o professor Carlotti”, afirmando que cada etapa, das mesas às cadeiras, da infraestrutura ao sistema de segurança, exigiu articulação e persistência.

Ele também ressaltou a participação da prefeitura e de unidades do campus na preparação do espaço, destacando o engajamento de seus funcionários. Citou diversos exemplos e, ao encerrar sua fala, reforçou a função social do novo prédio: “Fica agora a responsabilidade da própria comunidade local de usar e aproveitar o espaço. Este é um lugar para se preocupar com a sociedade”.
O pró-reitor de Pesquisa e Inovação, Paulo Alberto Nussenzveig, afirmou que a USP se consolida como uma “universidade de quarta geração”, que não apenas ensina, pesquisa e realiza extensão, mas também leva ideias “da concepção ao impacto benéfico na sociedade”, orquestrando ecossistemas que reúnem governo, empresas e comunidade acadêmica. Ressaltou ainda a importância da articulação conduzida pelo InovaUSP/SC, que exemplifica essa nova postura institucional.
O vice-prefeito da cidade de São Carlos, Roselei Françoso, destacou o papel da USP no desenvolvimento do município e no fortalecimento do ambiente de inovação. Ele lembrou que os pesquisadores são hoje responsáveis por grande parte da captação de recursos que movimenta a economia local e reforçou o impacto positivo que o novo espaço terá na relação entre Universidade e cidade, afirmando sentir orgulho pela inauguração e pela valorização de todos os colaboradores envolvidos no processo.
Em sua fala, o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior destacou a complexidade e a importância das transformações recentes. “A universidade é, por definição, um local conservador de ideias. É difícil fazer um movimento rápido; nunca será um local de mudança de vanguarda”, disse. O reitor lembrou os desafios para consolidar a política de inovação e estruturá-la de forma orgânica: “Criamos dentro da Pró-Reitoria de Pesquisa a Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação, com representação própria no Conselho Universitário. Reunimos a Auspin, o Inova São Paulo e toda a estrutura de inovação dentro de um arcabouço único”.
Carlotti também mencionou o crescimento do Inova São Paulo, de aproximadamente 30 mil para mais de 300 mil visitantes, e a criação dos polos de inovação em Ribeirão Preto e São Carlos, ressaltando que a relação com instituições como Senai e Sebrae, antes impensável, tornou-se parceria estratégica consolidada. Ao comentar a formação estudantil, destacou que atividades extracurriculares têm hoje peso fundamental e que São Carlos possui vocação reconhecida para inovação, com empresas criadas por ex-alunos e forte presença industrial e tecnológica.
O reitor ainda destacou as iniciativas internacionais atraídas para o campus e lembrou o papel histórico da cidade: “Quem trouxe a USP para o interior foi a sociedade. São Carlos foi pioneira na interiorização e agora volta a ser pioneira ao ensinar a Universidade a inovar, um processo contínuo, um caminho que veio para ficar. Cabe às próximas gestões aperfeiçoar o que fizemos, corrigir o que for necessário e seguir adiante”.
Também discursaram a cientista social Mirlene Simões, coordenadora do Instituto Angelim, e o engenheiro Marcos Santos, diretor-presidente do Ciesp em São Carlos, que destacaram, respectivamente, o papel da inovação na redução de desigualdades e a importância de reaproximar universidade e indústria, reforçando que a transformação social e o avanço tecnológico caminham juntos quando conhecimento, comunidade e setor produtivo atuam de forma integrada.
Texto por Rose Talamone e Arte: Gustavo Radaelli | Jornal da USP
