O projeto chamado Sistema de Indicadores para Monitoramento de Sustentabilidade em Campi Universitários: Estudo de Caso USP São Carlos é composto, em sua primeira fase, pela aplicação de uma pesquisa que visa avaliar o aspecto comportamental da comunidade, ou seja, o quanto as pessoas estão mudando suas atitudes no sentido de um estilo de vida sustentável.
Essa pesquisa consiste de um questionário sobre monitoramento de cultura de sustentabilidade, o qual está sendo aplicado a alunos e servidores docentes, técnicos e administrativos do campus da USP em São Carlos. Ela é de fundamental importância para se atingir a meta de se propor um sistema de indicadores de sustentabilidade para universidades, bem como a outros segmentos da sociedade que desejem tomá-las como exemplo, acompanhando a implementação da Política Ambiental da USP.
Para participar, clique no link correspondente abaixo:
• Docentes
• Servidores técnicos e administrativos
Saiba mais sobre o projeto visitando esta página e confira as entrevistas a seguir com o professor Tadeu Malheiros e com o superintendente da Superintendência de Gestão Ambiental (SGA) da USP, professor Marcelo de Andrade Romero, acompanhado pela superintendente substituta da SGA, professora Roberta Consentino Kronka Mülfarth. Veja também o vídeo explicativo ao lado sobre o Programa de Monitoramento de Cultura de Sustentabilidade.
Entrevista com o professor Tadeu Malheiros:
Assessoria de Comunicação (ASCOM): Professor, qual é a importância e o papel da Superintendência de Gestão Ambiental (SGA) da USP?
Malheiros: A SGA tem um papel estratégico na gestão ambiental da USP, principalmente como pilar do processo de institucionalização da questão ambiental. A criação dessa Superintendência favorece a constituição de uma equipe multidisciplinar permanente pensando, incentivando e monitorando o desempenho da Universidade no que se refere às questões ambientais.
ASCOM: Quais são as propostas e metas da SGA?
Malheiros: A construção da política ambiental da USP é uma das principais metas da SGA, e certamente seus desdobramentos em planos e projetos nos diversos campi. Também está na proposta da SGA fomentar a articulação e integração de todas as ações ambientais da USP, fortalecendo principalmente sua continuidade, independente das mudanças de gestão, e plantando um processo de melhoria continuada. Outro destaque para a SGA é sua proposta de alinhamento ao conceito de sustentabilidade, e para tanto, observa-se uma preocupação permanente nas suas ações de favorecer abordagens mais transversais, criando diálogos entre os pilares da USP – ensino, pesquisa e extensão.
ASCOM: Qual é a importância de os campi da USP serem um modelo de sustentabilidade?
Malheiros: São dois os aspectos importantes a serem observados nessa questão. O primeiro é um compromisso ético inerente a cada instituição, especialmente àquela de caráter público, da área de ensino, e que se refere a alcançar seus objetivos por meio do melhor uso dos recursos que a sustenta. Por exemplo, a introdução de critérios e procedimentos de compra sustentável contribui no princípio de equidade, ao priorizar produtos que valorizem na sua cadeia de produção a equidade de gênero e criação de oportunidades para diversos grupos sociais, entre outros aspectos.
O outro aspecto diz respeito a transformar a universidade num laboratório de boas práticas relacionadas aos princípios de sustentabilidade, de modo que a sua comunidade tenha o campus universitário como referência na forma de tratar a questão ambiental, de respeito social e de eficiência econômica. Esse laboratório é uma peça de integração da abordagem teórica aportada nas salas de aula e das possibilidades reais de transformação e atuação responsável.
ASCOM: Como a USP vem se comportando no processo de transição para a implantação da Política Ambiental?
Malheiros: Uma universidade com o porte da USP tem necessariamente uma grande inércia em qualquer ação que venha a ser tomada, ou seja, tudo leva tempo. Independente disso, há determinados pontos em que os esforços devem ser colocados, de modo que essa transição seja mais rápida e eficiente. Esses pontos incluem informação, comunicação, objetivos claros, e o engajamento da comunidade USP.
Acredito que o primeiro passo fundamental está em andamento, que é a estruturação da política ambiental e dos planos ambientais. A SGA também está estruturando uma plataforma para integração dos dados ambientais da USP, o que facilitará a construção de indicadores que darão suporte à elaboração de diagnósticos ambientais.
Outro aspecto importante é fortalecer a relação entre desempenho ambiental e eficiência econômica. Nesse sentido, a Universidade pode fazer um mapeamento de oportunidades de intervenção para melhoria ambiental e cruzar com os ganhos econômicos. Consumo energético e consumo de água são dois exemplos clássicos e consolidados. Por exemplo, ações de melhoria dos sistemas de iluminação reduzirão a conta do consumo de energia no final do mês.
ASCOM: Quais são as expectativas sobre a participação da comunidade universitária na aplicação de Questionários de Avaliação de Cultura de Sustentabilidade?
Malheiros: Eis aí um desafio: todos nós estamos atarefados com muitas atividades, e inclusive com muitos convites para preencher pesquisas diversas. Por isso acaba, muitas vezes, ficando em segundo plano o preenchimento do questionário.
Ao mesmo tempo, acredito que colocá-lo como prioridade é um bom indicador de que as pessoas estão engajadas. Procuramos elaborar o questionário de forma objetiva e inserimos questões-chave de comportamento e engajamento em sustentabilidade. Sem dúvida vale a dedicação de um pequeno tempo para preenchê-lo, pois são informações fundamentais para orientar as políticas e ações da Universidade e sua comunidade em direção a um crescente alinhamento com sustentabilidade. Priorizar ações como essa é o que gera resultados: não há como somente ficar de forma passiva aguardando que as coisas mudem.
Acompanhe a seguir a entrevista com o superintendente de gestão ambiental da USP, professor Marcelo de Andrade Romero, e com a superintendente substituta da SGA, professora Roberta Consentino Kronka Mülfarth:
ASCOM: Qual é a importância de os campi da USP serem vistos como um modelo de sustentabilidade?
Romero: As universidades possuem uma grande responsabilidade quanto ao seu papel na sociedade, não só na interlocução entre as pesquisas e o desenvolvimento, mas principalmente como laboratório para as cidades. Ao tratar de temas relevantes, as universidades tornam-se importantes interlocutores entre a sociedade e os governos locais. A USP, não só por sua escala e importância, tem a responsabilidade de tratar de forma madura e coesa as questões de sustentabilidade, tanto com os alunos de graduação, pós-graduação, docentes e funcionários, como também, baseada na sua experiência, auxiliar na discussão dessa temática diante de outras instâncias na sociedade como um todo.
ASCOM: Como a USP vem se comportando no processo de transição para a implantação da Política Ambiental?
Roberta: O processo de implantação do USP Ambiental encontra-se na sua segunda fase. As Políticas já foram elaboradas e estão em fase de aprovação nas instâncias superiores da Universidade. Atualmente os grupos de trabalho estão em fase de elaboração dos Planos de Gestão Temáticos.
Apesar de as ações ambientais e sustentáveis na USP terem se iniciado desde a década de 1990, foi apenas com a criação de SGA que muitas delas foram oficializadas e tornaram-se parte integrante de um programa oficial para todos os campi. A Política de Sustentabilidade USP organizou as ações existentes e as futuras, e uniu um enorme contingente de docentes, alunos e funcionários em torno da causa ambiental.
Com a conclusão da primeira fase, é possível observar que há grande coesão entre corpo docente e funcionários a respeito dos problemas de sustentabilidade e que esses dois grupos têm agora grande responsabilidade nas suas ações relacionadas a esse tema. Também observa-se que, após a criação da Política Ambiental da USP, ocorreu uma clara definição não só do diagnóstico acerca da Universidade, mas, principalmente, sobre a definição de objetivos, metas e prazos.
ASCOM: Quais as expectativas para depois da implantação da Política Ambiental?
Romero: Com a conclusão do USP Ambiental espera-se alcançar todas as metas ambientais durante o seu centenário, em 2034.
Por Keite Marques da Assessoria de Comunicação da EESCImagens: Maicom Brandão e Renato Motta Filho (adaptada)