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Conheça uma das mulheres que se destacaram no Prêmio USP Mães Pesquisadoras 2024

Mãe de Julia e de Felipe, respectivamente com 8 e 2 anos, professora e pesquisadora. É com essa polivalência que se apresenta Janaina Mascarenhas, uma das mulheres destacadas no Prêmio USP Mães Pesquisadoras 2024, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI) em parceria com a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP).

Docente do departamento de Engenharia de Produção da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP) e coordenadora do Laboratório de Ecossistemas Circulares (CELAB), Janaina se destacou pelo importante trabalho que realiza nos estudos para a promoção da transição dos sistemas de produção e consumo em sistemas mais sustentáveis, atividade que, mesmo após a dupla maternidade, jamais deixou de se dedicar.

“Hoje, o principal foco das nossas pesquisas é promover a transição de um modelo linear, de descarte, como acontece atualmente, para um modelo circular de economia e de produção, que prioriza o uso de energias e materiais renováveis e dissocia a atividade econômica da produção e consumo dos recursos finitos, onde o descarte não seja a opção mais vantajosa. A ideia é fechar o ciclo: em vez de descartar, reusar, reciclar e pensar em novos modelos de negócios que reduzam a necessidade de recursos. Isso beneficia tanto a economia das empresas quanto a sociedade de forma geral. Assim, em nossas pesquisas, tentamos ajudar as empresas e instituições a encontrarem novas formas de organização que tornem o modelo circular viável, tanto técnica quanto economicamente”, explica Janaina.

No laboratório que coordena, Janaina e seu grupo de pesquisa, composto por 10 pós-graduandos, seis alunos de Iniciação Científica e uma doutora, se dedica a entender os aspectos teóricos e práticos dos ecossistemas circulares, buscando compreender as relações entre diferentes atores, como empresas, cooperativas, governos e associações, e como esses atores podem agir em um ambiente colaborativo para alcançar uma proposta de valor circular, permitindo que todos os envolvidos se beneficiem mutuamente.

Para Janaina, “o trabalho é pensado para viabilizar que inovação e sustentabilidade andem de mãos dadas e permitam diminuir a disparidade de benefícios entre as grandes corporações e os elos mais fracos dos ecossistemas, como as cooperativas de reciclagem. Trata-se de um caminho urgente, que não só trará benefícios ambientais e sociais, como permitirá a sustentabilidade econômica das organizações”.


Professora Janaina, com os filhos, e a Pró-Reitoria Adjunta Miriam Debieux Rosa, durante a premiação.

Gestão do tempo: um grande desafio

Ao receber menção honrosa na categoria Docentes do Prêmio USP Mães Pesquisadoras, justamente num mês simbólico como é junho, com datas como o Dia Mundial do Meio Ambiente (5) e o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia (23) – efemérides que convergem diretamente com sua atuação -, Janaina ajuda a inspirar outras mulheres a não abdicar da carreira acadêmica após a maternidade e seguir fazendo a diferença, enquanto supera o imenso desafio que é a gestão do tempo entre as atividades maternas e universitárias.

“Sem dúvidas, o maior desafio em ser mãe e ter uma vida acadêmica é a limitação e restrição do tempo. Com a chegada dos filhos, minha disponibilidade para as atividades universitárias se tornou fixa e bastante reduzida. Para superar essa dificuldade, é fundamental elaborar e executar um bom planejamento e evitar a procrastinação”, diz Janaina.

Para mães pesquisadoras que estão na mesma jornada, a docente da EESC dá outras importantes dicas: “descentralizar tarefas que não exigem nossa atenção direta pode aliviar bastante nossa carga. Muitas vezes, assumimos atividades operacionais que poderiam ser delegadas. Precisamos aprender a priorizar e a dizer ‘não’ quando necessário, entendendo que nem tudo precisa ser feito por nós. Também é importante construir uma rede de apoio com que se possa confiar”.

Se por um lado, a maternidade traz o desafio do tempo e a necessidade da construção dessa rede de apoio, por outro lado, ressalta Janaina, “a maternidade também influenciou minha abordagem em relação aos projetos de pesquisa e aos meus alunos, trazendo um olhar de cuidado e dedicação ainda mais intensos. Percebi a importância de promover o desenvolvimento contínuo das pessoas ao meu redor, incentivando-as a alcançarem seu pleno potencial tanto acadêmico quanto pessoal. Essa perspectiva enriquecida pela maternidade tem sido fundamental para meu crescimento como pesquisadora e líder acadêmica”. 

 

Mais mulheres na engenharia

Independentemente da maternidade, Janaina aproveita o momento para expor que a questão do gênero por si só já representa um desafio a ser superado, especialmente na engenharia.

“Conheço mulheres engenheiras com competência excepcional, mas que precisam de muito esforço para serem reconhecidas e ganharem seus merecidos espaços. Por essa razão, sempre que posso, torno público os feitos de minhas colegas brilhantes. Acredito que devemos dar voz às mulheres e exigir que os colegiados estratégicos busquem ativamente nomes de mulheres”.

É nesse contexto que a professora da EESC ressalta a relevância da menção honrosa obtida no Prêmio USP Mães Pesquisadoras. “Este prêmio é um esforço da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da instituição para reconhecer os desafios significativamente maiores que enfrentamos em relação aos homens para nos destacarmos. Ele dá voz a nós, mulheres, especialmente mães, que conseguimos integrar em nossa profissão o cuidado, o respeito e o interesse pelo outro. O prêmio revela, então, que a academia, com seu foco na formação, tem muito a ganhar com maior diversidade e maior presença feminina”.

Janaina conclui: “esse tipo de condecoração ajuda a demonstrar à nossa sociedade, especialmente à comunidade acadêmica, o potencial extraordinário que as mães e mulheres têm para impulsionar o avanço e o desenvolvimento da pesquisa de excelência internacional. Espero que possa servir de exemplo inspirador para outras mulheres que buscam conciliar suas carreiras acadêmicas com a maternidade”.