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Biometria facial não é totalmente segura, mas possui mais vantagens que desvantagens

A leitura biométrica facial se vale de características da face para a extração de dados que vão compor um sistema de visão computacional  – Foto Pixabay

A tecnologia em biometria facial vem tendo sua aplicação expandida em diversos setores do cotidiano. A recente aplicação desse mecanismo para o embarque em aeronaves na ponte aérea Rio-São Paulo, entre os aeroportos Santos Dumont e Congonhas, voltou a ampliar a discussão sobre a segurança do mecanismo. Com a premissa de melhorar a acessibilidade e apresentar mais tecnologia e agilidade, os passageiros poderão embarcar mais facilmente em voos. 

Esse nem é o principal uso dessa tecnologia, que pode ser utilizada para o controle de acesso, para a realização de pagamentos on-line e como ferramenta de identificação de suspeitos, por exemplo. Na prática, temos alguns aparelhos celulares que possuem o desbloqueio por biometria facial, além do acesso a bancos, no acesso a condomínios e em transportes. 


Marcelo Andrade da Costa Vieira – Foto: Github

O professor Marcelo Andrade da Costa Vieira, coordenador do Laboratório de Visão Computacional da Escola de Engenharia de São Carlos da USP e professor associado do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação da USP São Carlos, explica o funcionamento da leitura biométrica facial, que se vale de características da face para a extração de dados que vão compor um sistema de visão computacional: “Essas características são geralmente baseadas no formato do rosto, atributos que têm a ver, por exemplo, com a distância do olho até o nariz, distância do tamanho da boca, formato da bochecha e tamanho da testa”, completa. Com esses dados, é possível adquirir imagens e identificar um indivíduo com base nas especificidades de cada face. 

 

Falha e possíveis melhorias

Ao fazer uso dessas características, os processos de identificação por biometria podem não ser tão assertivos. Dentre os tipos de reconhecimento utilizando esse método – dos quais também se contam o uso das digitais, reconhecimento por voz e íris ou retina -, a biometria facial pode até se destacar por ser a menos invasiva, à medida que não depende do contato direto para a leitura. 

Porém, a codificação passa por análises de algoritmos utilizados nos softwares de leitura, criados por olhos humanos, o que é um dos principais problemas ressaltados pelo professor: “Do mesmo jeito como o ser humano pode ser enganado, o computador pode ser enganado, porque ele simula a visão humana em reconhecimento facial”. Então, como há margem de “erro na identificação em torno de 3% para os humanos, o sistema de visão computacional também tem que estar mais ou menos sujeito a esse mesmo erro”, adiciona Costa Vieira. 

Isso é oportuno não apenas para fraudes, que podem ocorrer com o uso de fotografias no lugar da pessoa física, sendo esse o principal golpe vinculado ao uso da biometria facial, ao serem comparadas a partir dos dados de bancos já existentes. Como também pode estar sujeita a vazamento de informações pessoais ou mesmo à exposição pública da imagem de indivíduos e à discriminação racial. 

O professor então destaca ser necessário uma câmera de alta resolução, vinculada a um banco de dados acurado. Também adiciona que, por estar cada vez mais acessível, vem tendo sua aplicabilidade aumentada, e finaliza dizendo que essa é uma “tecnologia que se apresenta como um sistema muito confiável e robusto”, possuindo mais vantagens que desvantagens. 

Por Fernanda Real - Jornal da USP