A aplicação do sistema de feixe de elétrons no fosfato de prata possibilitou obter pela primeira vez a formação de um filme de prata sem a necessidade de agentes redutores ou solventes. No grafite, os elétrons induziram o enrolamento das camadas, resultando na formação de fulerenos (agrupamentos de carbono em forma de bola de futebol) e tubos de carbono com várias camadas em uma estrutura inédita em formato de bastão.
O fosfato de prata é uma substância que, na sua forma natural, já é altamente bactericida e antiviral e, por isso, usada em desodorantes. “Uma das aplicações que nós vimos é o revestimento de superfícies das máscaras contra a covid. Essas estruturas impedem a replicação do vírus, o que evita a contaminação da pessoa. Todos esses materiais podem também ser impregnados em superfícies através de sprays e de pintura para revestir superfícies em diferentes áreas”, conta Costa.
O sistema de irradiação por feixe de elétrons oferece aprimoramentos na área de materiais e nanotecnologia, com maior precisão e eficiência. Foto: NanoLab/EESC-USP
Segundo o orientador da pesquisa, João Paulo Pereira do Carmo, professor do Departamento de Engenharia Elétrica da EESC, a maior vantagem é o custo-benefício da máquina confeccionada: “A grande dificuldade atual é encontrar equipamentos com capacidade de processar os materiais em escala industrial e que simultaneamente permitam uma produção em série, dissolvendo o investimento inicial de desenvolvimento que, aliado ao uso de componentes comerciais de uso corrente, diminua o custo final”. A inovação apresentada, apesar de seu custo substancialmente menor em comparação com alternativas similares, oferece aprimoramentos significativos na área de materiais e nanotecnologia, com maior precisão e eficiência. Esses avanços têm o potencial de trazer benefícios tanto para a ciência quanto para a indústria.
O pesquisador teve a co-orientação de Elson Longo, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e diretor do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) onde a pesquisa foi realizada. “Uma aplicação promissora dessa tecnologia é o revestimento de superfícies com materiais nanoparticulados modificados pelo feixe de elétrons, que podem ser impregnados em superfícies por meio de sprays ou pintura. Além disso, essa tecnologia também contribui para a síntese de novos materiais semicondutores, que têm ampla aplicação em diversas áreas, especialmente na eletroeletrônica, oferecendo potenciais avanços nesse campo” explica Longo.
A construção do equipamento, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), também contou com uma equipe multidisciplinar, com colaboração dos professores Adenilson Chiquito e Leonélio Cichetto Júnior, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e de Juan Andrés, professor da Universitat Jaume I (UJI), da Espanha.
Mais informações: e-mails joaoccosta@usp.br, com João Paulo de Campos da Costa, e jcarmo@sc.usp.br, com João Paulo Pereira do Carmo
Por Jornal da USP - Ivan Conterno (Texto) e Gabriela Varão (Arte)