Com a crescente busca por um uso mais sustentável dos recursos naturais do planeta, a educação ambiental dentro da universidade tem sido vista como um importante meio de contribuição para a formação de cidadãos e profissionais mais críticos e conscientes de seu papel nesse contexto.
A educadora ambiental e integrante da Comissão de Sustentabilidade (CS) da Escola de Engenharia de São Carlos da USP (EESC-USP), Patricia Cristina Silva Leme, atua em diversos projetos e programas que promovem a criticidade na formação de profissionais. Ela destaca que o estudo e aplicação de técnicas e práticas sustentáveis e a mudança no paradigma visando a incorporação da transversalidade são aspectos que a universidade terá que agregar daqui para frente.
“A educação ambiental não é uma apenas uma ferramenta para a formação de cidadãos, mas trata-se de um paradigma, dentro do qual não se entendem as disciplinas isoladamente, mas na transversalidade, em que os conteúdos curriculares e os docentes se conversam, visando relações mais saudáveis entre a sociedade e a natureza”, disse Patricia.
No início de setembro, a educadora ambiental foi convidada para fazer a abertura da VII International Conference on Environmental Education “Best of Both Worlds - BoBW 2015”, com o objetivo de apresentar uma visão geral sobre a educação ambiental.
Segunda Patricia, a participação no evento foi uma experiência enriquecedora para a troca de experiências e atividades entre instituições de ensino superior de vários países. “O eixo central da conferência foi a cooperação entre os países abaixo da linha do Equador que possuem semelhanças em vias de desenvolvimento, rica biodiversidade e desafios para a implementação de projetos educacionais”, destacou.
Na oportunidade ela também abordou os projetos desenvolvidos no âmbito da educação ambiental e executados na USP e na EESC-USP, usando-os como exemplo de como assegurar uma educação ambiental efetiva para o enfrentamento das crises globais. Como base da apresentação a educadora expôs o Projeto Educativo para Minimização de Resíduos Sólidos para os Restaurantes Universitários dos Campi de São Carlos da Universidade de São Paulo e ações desenvolvidas pela CS da EESC-USP, como a ambientalização dos currículos dos cursos de engenharia.
Ainda no âmbito geral das iniciativas da USP, Patricia apresentou as políticas ambientais que estão em desenvolvimento sob coordenação da Superintendência de Gestão Ambiental (SGA) da USP.
Após as apresentações, a educadora recebeu diversos comentários que destacavam os grandes desafios colocados a uma universidade com as dimensões da USP e recebeu elogios quanto ao envolvimento de servidores docentes e técnicos e administrativos, visto como uma importante ferramenta para empoderamento dos servidores no campo ambiental.
De acordo com a educadora, a sustentabilidade pode estar inserida em cinco grandes áreas dentro universidade. A primeira é a própria formação dos estudantes, com a ambientalização dos currículos acadêmicos, a capacitação dos docentes para o novo paradigma e a incorporação do tema nas disciplinas. A segunda é o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias que ajudem a sociedade evoluir de modo mais sustentável. A terceira área é a gestão ambiental da própria universidade, como nos setores de mobilidade, gestão da água, resíduos, áreas verdes e uso e ocupação do solo. Em seguida, a quarta é a governança da universidade no sentido de elaborar e valorizar a política institucional para que seja pautada em princípios de sustentabilidade. Por fim, a quinta área é a extensão, que consiste no diálogo com a sociedade externa e do próprio círculo social por meio do diálogo e oferecimento de cursos, seminários e atividades para além do currículo. Ainda como referência, Patricia não deixou de citar as ações promovidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e suas agências – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, sigla em inglês) e o Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA, sigla em inglês) – e a publicação das 17 metas globais (assista ao vídeo) para que o desenvolvimento sustentável seja adotado por todos os países, instituições, pessoas e grupos humanos com o objetivo de trabalharem na mesma direção. “O que mais podemos ver nos países em desenvolvimento são iniciativas isoladas e a carência de diretrizes amplas, por isso, a partir das metas pode-se, por exemplo, traçar e implantar projetos nos campi da USP e posteriormente em cada unidade”, destacou a educadora. Encerrando sua participação na Conferência, Patricia citou como principais conclusões do evento: a necessidade de capacitação; o envolvimento de estudantes nas áreas rurais e urbanas; a ligação entre distintos autores, agências fomentadoras, governo local e os que implementam os projetos ambientais; o maior investimento em pesquisas para monitoramento e avaliação dos programas; e, por fim, comunicação para a divulgação e o sucesso dos projetos de conservação e de biodiversidade.
Por Keite Marques da Assessoria de Comunicação da EESC-USP
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