Pesquisa desenvolve ferramenta para análise de expansão da cana-de-açúcar no país

 

A tese Avaliação das localidades ótimas para expansão da oferta de cana-de-açúcar no Brasil: uma aplicação de programação inteira mista foi defendida no último dia 14 de dezembro e é de autoria de José Eduardo Holler Branco, com orientação dos professores Edson Martins de Aguiar (EESC) e José Vicente Caixeta Filho (ESALQ). A pesquisa teve como objetivo identificar e mapear as regiões ótimas para o plantio de novos canaviais, de forma a aumentar a competitividade logística para o escoamento produção de açúcar e etanol.

Segundo Caixeta, o estudo é de grande importância para o segmento sucroenergético brasileiro. “O trabalho desenvolvido, sob a orientação primordial do nosso sempre querido e finado professor  Edson, reforça a importância da pertinência da utilização da modelagem matemática de localização para apoiar decisões de natureza estratégica, fundamentais para o incremento da sustentabilidade do segmento sucroenergético brasileiro”, enfatizou.

Para o desenvolvimento do modelo matemático levou-se em consideração como critério de escolha das regiões: o custo de arrendamento da terra, a produtividade de cada uma delas e o custo do transporte. O estudo teve como ponto de partida o trabalho realizado pelo Ministério da Agricultura (2010), intitulado Zoneamento Agroecológico da Cana-de-açúcar, para avaliar quais seriam as microrregiões ideais para a expansão da oferta de cana.

No cenário denominado pelo estudo como conservador, a ferramenta desenvolvida identificou acréscimo de aproximadamente 600 milhões de toneladas de cana-de-açúcar no país para atender o crescimento da demanda de etanol e açúcar projetados para 2020/2021.

Os resultados do modelo matemático recomendaram a alocação de grande parte da oferta adicional de cana para o Estado de São Paulo - ainda é o principal produtor do setor -, comportamento justificado pela proximidade das áreas paulistas em relação aos principais mercados consumidores de etanol e portos de exportação de açúcar.

Outras regiões também chamaram atenção dentre as indicações de expansão dos canaviais, como o estado do Mato Grosso do Sul, que revelou elevado potencial de exportação do etanol para o sul do país e para as bases de distribuição paulistas; o Paraná, para atender o mercado internacional por etanol e também as bases do sul; Minas Gerais, impulsionada pelo crescimento do mercado mineiro pelo biocombustível; e Goiás, que apresenta potencial para abastecer as regiões norte e nordeste, além de auxiliar no abastecimento das bases paulistas e mineiras. Quanto à expansão de cana-de-açúcar na região Norte e Nordeste, merece destaque as regiões da Bahia, Maranhão e Tocantins.

Os cenários de análise ainda levaram em consideração os novos projetos intermodais de transportes anunciados no Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) do Governo Federal, como a Ferrovia Norte-Sul, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste Bahia e Ferrovia de Integração Centro-Oeste; além do projeto de construção de um “Alcoolduto”.

O uso dessa ferramenta fornece diretrizes para nortear o processo de expansão da cana-de-açúcar pelo Brasil, buscando a racionalização e a minimização dos custos logísticos e promovendo a competitividade dessa cadeia produtiva. “O estabelecimento de uma logística eficiente é primordial para aumentar o consumo de etanol no país e aumentar o potencial de exportação de açúcar. Dessa ótica, o ferramental desenvolvido gera subsídios importantes para a elaboração de políticas públicas que venham direcionar o processo de expansão do setor sucroalcooleiro”, explicou o pesquisador.

A defesa da pesquisa de doutorado aconteceu no dia 14 de dezembro, nda EESC, campus 1, Av. Trabalhador são-carlense, nº 400.

eesc pesquisa expansao cana mapaLegenda da imagem: Distribuição espacial dos módulos de expansão de cana-de-açúcar por microrregião geográfica recomendada pelo modelo matemático (módulo de expansão de cana-de-açúcar: 2.500 mil toneladas)

Por Nathália Nicola, da Assessoria de Comunicação da EESC


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