Doutorando é convidado especial na principal conferência Italiana de Engenharia Clínica
19 de julho de 2022
Atualizado: 18 de agosto de 2022
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O "direto de reparar" ou "right to repair" é um movimento global que ganhou forças na Europa e nos Estados Unidos que visa pressionar fabricantes a estender a vida útil dos produtos através do aumento da sua reparabilidade. Essa abordagem tem o potencial de revolucionar o mercado de equipamentos médicos fazendo com que estes produtos possam ser utilizados para tratar pacientes por mais tempo. Dentro desta lógica um equipamento cuja vida útil foi prolongada é usado para os serviços de saúde por mais tempo e, com isso, previne a compra prematura de novas unidades, revertendo em economia para as instituições e minimizando os impactos ambientais originários das indústrias.

Em outras palavras, com o reparo, os ganhos econômicos se somam aos ganhos em sustentabilidade produzindo um argumento poderoso para negociação entre as diversas instituições dentro do sistema de saúde. Contudo, mesmo com vantagens tão significativas para a sociedade, muitos fabricantes continuam na contramão, dificultando, encarecendo e restringindo as possibilidades de reparar um equipamento.

A impossibilidade de reparo leva hospitais ao tão conhecido paradigma do "é mais barato comprar um novo do que reparar" criando sérios problemas de desabastecimento à medida que a aquisição de novas unidades está sempre sujeita a restrições.

No centro da discussão sobre o reparo, os fabricantes de equipamentos médicos se vêm compelidos a avaliar novos modelos de negócio que sejam uma alternativa a compra e venda. Em modelos de negócios circulares passa a ser possível desenvolver a responsabilidade estendida para além dá entrega dos produtos e mesmo da manutenção, passando a incluir as estratégias de reparo, reuso e a gestão no fim de vida do produto.

Atuando diretamente na circularidade de equipamentos de saúde em sua pesquisa de doutorado, o pesquisador do grupo EI da Engenharia de Produção da Escola de Engenharia de São Carlos, Raphael Cobra foi o convidado especial da Conferência da Associação Italiana de Engenharia Clinica do ano de 2022 para apresentar seu estudo sobre o reparo de ventiladores pulmonares durante a pandemia no Brasil.

Os resultados de sua pesquisa revelam como montadoras automobilísticas se voluntariaram para reparar ventiladores pulmonares juntamente com o SENAI e outras empresas não tradicionalmente vistas como parte do sistema de saúde.

Este caso ilustra como o reparo pode ter impacto significativo na ampliação dos ventiladores pulmonares disponíveis no sistema de saúde. Para que isso fosse possível as empresas envolvidas realizaram treinamentos em massa com seus técnicos para executar o reparo e obtiveram apoio do governo e órgãos reguladores.

A grande mobilização da indústria e todos os parceiros envolvidos mostrou que o reparo de equipamentos médicos pode ser de fato aplicável em larga escala e se tornar tanto uma prática perene quanto um mecanismo de resposta a emergência sanitárias.

Atualmente, Raphael Cobra, sob orientação de Professora Janaina Mascarenhas, se encontra no Politécnico de Milão, estudando o reparo e reuso de equipamentos médicos. Seu estudo sobre as empresas italianas é orientado pela professora Monica Rossi e conta com uma parceria com o Cluster Lombardo Scienze Della Vita, que compreende as empresas no setor de saúde da região da Lombardia.

O projeto de doutorado visa trazer recomendações de políticas públicas e já conta com uma primeira análise sobre oportunidades de reciclagem do aço de instrumentos cirúrgicos feita em parceria com a Universidade do Porto.

As empresas que desejarem maiores esclarecimentos ou participar de pesquisas futuras podem entrar em contato com Raphael Cobra neste e-mail.

Contatos, no linkedin, de Raphael e da professora Janaina Mascarenhas


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