PROFCIAMB: Alunos de mestrado visitam o projeto Escola da Floresta
27 de setembro de 2022
Atualizado: 13 de outubro de 2022
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Do que o amor por suas origens e ao meio ambiente é capaz? Transformação. Talvez, essa palavra tenha força para resumir a história do Sítio São João, em São Carlos, no interior do Estado de São Paulo.

A propriedade rural produtiva consegue unir educação ambiental, interatividade, turismo e conservação ambiental, por meio do projeto Escola da Floresta, idealizado pelo seu proprietário, Flavio Roberto Marchesin.

No dia 17 setembro, os alunos de mestrado profissional do Programa de Pós-Graduação em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais Associada USP São Carlos (PROFCIAMB) visitaram o local, sob a coordenação dos professores Tadeu Malheiros e Fernanda da Rocha Brando Fernandez.

A iniciativa foi a primeira atividade presencial, após dois anos de pandemia de covid-19, e possibilitou vivências com trocas de experiências entre os alunos, professores e o projeto visitado.

Equipe do PROFCIAMB durante a visita. Foto: Divulgação

O Sítio São João está com a família Marchesin há 50 anos. Adquirido em 1972 com a finalidade de produção de alimentos para sustento próprio e comércio, em especial, com o cultivo de arroz, feijão e milho. A área de 14 ha, situada às margens do Ribeirão Feijão – responsável por parte do abastecimento de São Carlos – era parte do conjunto de terras pertencentes à histórica Fazenda Pinhal, produtora de café e que contou, também, com a cultura de laranja, cana-de-açúcar e atividades agropecuárias.

Sensibilizado pelo impacto ambiental gerado pela obra de passagem do gasoduto Bolívia/Brasil, em 1999, e somado ao desmatamento gerado na região devido às atividades agrícolas, Flávio Marchesin buscou parcerias para projetos de recuperação, revitalização, conservação e educação ambiental.

Com o apoio da organização não governamental, ONG Iniciativa Verde, em 2006, iniciou-se ações para recuperação da sub bacia do Ribeirão do Feijão junto aos proprietários da região. Foram plantadas 4 mil mudas de árvores nativas, de origem de mata atlântica. Mais tarde, em 2011, o local recebeu R$ 2 milhões por meio do projeto Plantando Águas, com patrocínio da Petrobras Ambiental, o que permitiu o plantio de mais 20 mil mudas, em oito propriedades rurais.

Paralelamente, Flávio promovia ações no sítio São João, como a recuperação das áreas afetadas pelas obras feitas de implementação do gasoduto e buscava alternativas para saneamento rural, ao mesmo tempo que, em 2007, dava início às atividades de educação ambiental. A propriedade chegou a receber 4 mil alunos, por meio de parceria com a prefeitura de São Carlos para trazer a rede de escolas municipais. O local somou mais de 30 mil visitantes até 2019. Por conta da pandemia, nos dois últimos anos não houve visitações, mas as atividades estão sendo retomadas em 2022, com a flexibilização das medidas de segurança sanitárias, o arrefecimento da covid-19 e o retorno das aulas presenciais nas escolas.

Hoje, o sítio conta com mais de 12 atrações de sensibilização. Entre as atividades propostas, os alunos do PROFCIAMB conheceram: trilha dos sentidos, composteira, fossa séptica biodigestora para tratamento de esgoto sanitário, jardim filtrante para tratamento de águas cinzas, trilha ecológica, maquete de solos, viveiro educador e ações para produção de mudas de flores com efluentes gerados pela piscicultura nos quatro tanques de peixes, aquaponia e cultivo de morangos por gotejamento, além de conhecerem o Centro de Educação Ambiental (CEA), onde ocorrem capacitações.

Quanto aos desafios futuros para o prosseguimento do projeto, existem dois temas que preocupam Flavio. “Os assentamentos de terra, próximos ao Ribeirão Feijão, irão pressionar o meio ambiente e a necessidade de mais investimentos em capacitação rural e saneamento rural; e, também, aqui no sítio, precisaremos ampliar nossa equipe, inclusive com profissionais principalmente engajados no contexto das atividades rurais, o que não ocorre hoje”, atenta.

Para o professor Tadeu Malheiros, a distância da Escola da Floresta aos centros urbanos também é um desafio permanente. “Trazer a problemática e os aprendizados da produção alimentar da agricultura familiar, numa abordagem de sustentabilidade, é chave no desenvolvimento dos municípios, é preciso entender as conexões em água, energia e alimento que funcionam na interface urbano e rural. O Sítio São João tem todo potencial, mas com as dificuldades de deslocamento das escolas, é preciso atenção especial e incentivo das políticas educacionais municipais, pensar em estratégias para conectar esse espaço com a vida das pessoas da cidade, mostrando de onde vem a água que eles bebem, e o papel destas propriedades rurais enquanto produtores de águas”, pontua.

Sobre as estratégias de ensino para os educadores, a professora Fernanda, também comentou sobre a necessidade de conexão da vida rural, do meio ambiente com a população urbana. “Na cidade as pessoas bebem a água, aqui no sítio, elas pisam na água que vai para as suas residências, é uma conexão forte que causa sensibilização sobre a conservação”.

Entre os alunos do PROFCIAMB, na roda de conversa promovida após a visitação, foram feitos depoimentos sobre a interdisciplinaridade do espaço e como se dá a gestão ambiental. Temas como, a história do sítio, os processos lúdicos de aprendizagem, a importância do local para a sensibilização ambiental foram destacados.

Sobre o sítio
O Sítio São João está localizado em São Carlos (SP), à Rodovia Domingos Innocentini (Estrada do Broa) km 7,8 (à esquerda) mais 5km de terra. O projeto Escola da Floresta possui sete roteiros educativos, desde grupos diversos e empresas, passando por alunos do Ensino Fundamental, Médio e Universitário. O agendamento de visitas é feito pelo Whatsapp (16) 99783-5098/(16) 99762-9414. Aos fins de semanas, grupos podem reservar um almoço feito em fogão à lenha.

Mais informações:
Site: www.profciamb.eesc.usp.br/
Site: www.escoladafloresta.com.br


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