Os 90 anos da USP em muitas páginas de história
No próximo dia 25 de janeiro, a Universidade de São Paulo completa 90 anos de fundação. Ao longo dessas décadas, a USP se estabeleceu como uma das principais universidades da América Latina, galgando, ano a ano, posições cada vez mais importantes e honrosas nos mais prestigiados rankings de avaliação acadêmica do mundo. A história quase centenária da USP e de suas unidades de ensino e pesquisa foram contadas de várias formas, muitos livros foram publicados, muitas entrevistas foram feitas. Para homenagear suas nove décadas de existência, o Jornal da USP publicará ao longo das próximas semanas uma seleção – que se pretende ampla, mas que corre o risco de ser falha devido ao imenso material impresso sobre a Universidade – de livros que contam a história da USP, de seus reitores e de várias de suas unidades.
Alguns dos livros selecionados não estão mais disponíveis para aquisição, mas podem ser encontrados em bibliotecas ou em sites especializados. De qualquer forma, são documentos importantes que merecem e precisam ser apresentados a um público mais amplo, posto que eles dão a dimensão do que representa a USP – uma universidade pública, gratuita e de qualidade – não só para o Estado de São Paulo, mas para todo o País.
Os reitores da Universidade de São Paulo, org. Vera Nakata. Edusp, 232 pág.
O objetivo desta obra é contar a história da USP ao longo de quase nove décadas a partir do olhar de seus reitores. Mas não se trata de uma coletânea de biografias, mas sim relatos de vida, contados por eles próprios, quando possível, ou por seus familiares. O livro está dividido em 28 capítulos, cada um deles dedicado a uma gestão reitoral, de 1934 até 2018. Ao longo de sua história, a USP teve 26 reitores. O primeiro reitor foi o professor da Faculdade de Direito (FD) Reynaldo Porchat, e o primeiro vice-reitor, o docente da Faculdade de Medicina (FM) Antonio de Almeida Prado.
O livro está disponível para download nas versões em português e em inglês no Portal de Livros Abertos da Edusp.
Universidade, Formação & Transformação, org. Marcello Rollemberg. Edusp/Cecae, 264 pág.
A reflexão sobre o papel das universidades públicas na formação de pessoas como sujeitos ativos na transformação social é o objetivo principal deste livro, idealizado pela então Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária e Atividades Especiais — Cecae. A obra divide-se em quatro blocos temáticos, nos quais professores e intelectuais refletem sobre os desafios que se impõem à Universidade na atualidade, e apontam caminhos para suprir as novas demandas colocadas pela sociedade. Ao lado de reflexões teóricas, o livro apresenta um interessante bloco de depoimentos — O Pensar e o Fazer — com entrevistas realizadas com nove ex-reitores da Universidade, entre os quais os professores Hélio Guerra Vieira, José Goldemberg e Miguel Reale, reitor da Universidade por duas gestões, em 1949 e em 1969. Nelas destacam-se as conquistas e os momentos importantes da história da USP e da sociedade, ao mesmo tempo que apontam rumos para o futuro.
Disponível no Portal de Livros Abertos da Edusp
A USP e seus desafios – I Forum de Políticas Universitárias (módulos 1, 2 e 3), org. Marília Junqueira Caldas. Edusp, 264 pág (Módulo 1) e 320 pág. (Módulos 2 e 3)
As Universidades Públicas, e a USP em particular, enfrentam uma série de desafios, como a valorização dos cursos de graduação e a relação entre pesquisa e ensino, dentre outros. Estes temas e outros de igual relevância foram discutidos na USP em seminários institucionais, abertos à participação da comunidade universitária. Os resultados de algumas dessas discussões foram publicados pela Edusp. Divididos em dois volumes, os textos são a contribuição de renomados cientistas e pesquisadores da Universidade para encontrar caminhos de superação das dificuldades. No primeiro módulo, os temas são a avaliação docente e departamental, o regime de trabalho, a avaliação institucional, políticas de graduação, carreira técnico-administrativa, política de pesquisa e pós-graduação, captação de recursos complementares e a relação da Universidade com as fundações. Já o segundo volume, que engloba os módulos 2 e 3, trata da expansão e a valorização dos cursos de graduação e pós-graduação, e o aprofundamento das relações entre pesquisa e ensino. Estes dois volumes, que sintetizam os debates, trazem contribuições de renomados cientistas e pesquisadores de diversas áreas da USP.
Autonomia Universitária na USP, volumes 1 (1934-1969) e 2 (1970-2004). Coord. Marcos Maurício Toba, org. Nina Beatriz Stocco Ranieri. Edusp, 402 pág. (vol.1) e 360 pág. (vol.2)
As atas das sessões do Conselho Universitário são parte importante da memória da USP, registrando as discussões e as deliberações do órgão máximo da Universidade. Os documentos tratam de diversos assuntos referentes à vida universitária e à educação no País, destacando-se o tema da autonomia universitária, debate recorrente na USP desde sua fundação. O primeiro volume da obra reúne excertos das atas no período de 1934 a 1969, demonstrando que a autonomia administrativa e a de gestão financeira e patrimonial são o suporte indispensável da autonomia didático-científica. Já no segundo volume são analisadas as atas das sessões do Conselho Universitário referentes ao período compreendido entre 1970 e 2004. Trata-se de um período marcado por acontecimentos políticos que interferem diretamente no âmbito e nos limites da autonomia universitária, como a cassação de docentes e as intervenções militares e policiais no campus, as restrições aos direitos e a imposição de modelos legais de ensino. Posteriormente, com a redemocratização do País, outras formas de restrição persistiram em situações inteiramente diversas, decorrentes da legislação estatal sobre educação superior no Brasil. O trabalho foi organizado por Nina Ranieri junto à Secretaria Geral da USP, órgão incumbido da elaboração, do arquivamento e da manutenção dessas atas, e coordenado por Marcos Maurício Toba. É uma obra de referência que permite acompanhar a construção e a evolução da autonomia universitária no contexto da educação superior brasileira.
USP 70 anos – Imagens de uma história vivida, org. Shozo Motoyama. Edusp, 704 pág.
Análise histórica das circunstâncias que contribuíram para a criação e o sucesso da Universidade de São Paulo, este é, acima de tudo, um livro de memórias. Baseia-se em depoimentos, documentos e imagens que retratam mais de sete décadas de história da instituição. Neles, antigos e atuais dirigentes relatam sua participação nos rumos tomados pela Universidade, principalmente nas duas últimas décadas do século 20. A contraposição da experiência pessoal de cada um com os contextos social, econômico e político de suas gestões permite a avaliação dos êxitos da instituição e de seus efeitos na sociedade brasileira. Autônoma desde o início, a USP foi criada com o objetivo de se tornar um instrumento de formação de quadros intelectuais, técnicos e profissionais, simultaneamente, contando com a participação de professores e alunos de diferentes origens, características decisivas para seu sucesso como o mais importante centro de ensino e pesquisa do país.
USP Leste – A expansão da Universidade: do oeste para o leste. org. Celso de Barros Gomes. Edusp, 250 pág.
A USP Leste, cujo campus foi inaugurado oficialmente em 27 de fevereiro de 2005, se constituiu num projeto de ampla participação, tendo mobilizado grande número de docentes e servidores técnico-administrativos de diversas unidades, que muito contribuíram para que suas metas de execução fossem cumpridas, dentro do planejamento previsto. O novo campus abriga a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), a 37ª unidade de ensino e pesquisa da Universidade de São Paulo. Esse projeto educacional foi, sem dúvida, a mais importante conquista do ensino superior no Estado de São Paulo nos últimos tempos, indo ao encontro da aspiração histórica da comunidade de uma região da capital densamente povoada e carente de ensino superior gratuito de qualidade, como a de Ermelino Matarazzo. Na ocasião, representou a mais ambiciosa e abrangente ação de inclusão social da USP, ampliando as suas atividades de formação com a oferta de dez cursos de graduação profissionalizantes, como resultado de um processo de interação com as comunidades locais.