Pesquisas desenvolvidas na EESC são pioneiras na reutilização de madeira
Pioneiro no Brasil, o método possibilita resultados positivos para a indústria, para a construção civil e principalmente para o meio ambiente.
“Quando uma árvore é processada, em média apenas 40% de sua constituição são realmente utilizados. Em função disso, tudo que sobra em forma de serragem, maravalha, pedaços de viga entre outros é o que chamamos de rejeito ou resíduo. Seu volume é imenso” explica o professor Francisco Antonio Rocco Lahr, orientador de duas pesquisas complementares sobre o tema.
Em uma delas, o pesquisador Luciano Donizete Varanda avaliou o desempenho de painéis criados com a mistura de partículas de Eucalyptus grandis com a adição de casca de aveia que, em virtude de suas características, não se decompõe facilmente. “O Brasil é um dos poucos países do mundo que faz chapas de partículas a partir de árvores plantadas especialmente para esta finalidade. Os países do chamado primeiro mundo, fazem estes painéis, todos de reaproveitamento de madeira”, apontou Varanda.
No outro estudo, o doutorando Amós Magalhães de Souza avaliou o desempenho de painéis produzidos a partir de partículas orientadas de Pinus sp com a inclusão de telas metálicas. Esse material é chamado no mercado de OSB - sigla em inglês para Oriented Strand Board, e foi criado nos anos 70 nos Estados Unidos para substituir outro tipo de painel, conhecido no Brasil como compensado.
De acordo com Souza, esse produto é muito utilizado fora do país na construção civil, geralmente aplicado na construção de paredes, pisos, vigas, telhados entre outros. “No Brasil, esse tipo de painel tem um enfoque diferente, o que demonstra até certo desconhecimento de suas propriedades” afirmou.
Outro diferencial das duas pesquisas foi a utilização, na produção dos painéis, de uma resina à base de óleo de mamona. O material (desenvolvido no Instituto de Química de São Carlos) vem de um recurso renovável e não agride o meio ambiente. “Nos experimentos, utilizamos resíduos de madeira da caatinga, do nordeste do Brasil, Pinus e a resina de óleo de mamona, em substituição a resina de ureia-formaldeído, que é mais poluente” completou Souza.
Os estudos demonstraram que, em comparação a produtos feitos com madeira comum, o painel apresentou alto índice de resistência e elasticidade, atingindo quase o dobro do exigido pelas normas de qualidade adotadas fora do Brasil. Outro dado importante é o baixo custo de produção, devido à utilização de material alternativo. “O nosso objetivo com esses experimentos foi buscar uma aplicação para substratos abundantes na indústria que, até então, não tinham utilidade. Isso significa agregar valor a um produto que já foi utilizado ou aos resíduos que foram gerados pela própria indústria” afirmou o professor Rocco.
As duas pesquisas foram desenvolvidas no Programa de Pós-graduação Interunidades em Ciências e Engenharia de Materiais da USP em São Carlos.