Professora aponta que o futuro da educação é o aprendizado on-line
Os Massive Online Open Courses (MOOCs) são um tipo de curso livre através da web que visa oferecer a um grande número de alunos a oportunidade de ampliar seus conhecimentos. Os interessados podem se inscrever para acompanhar todo o curso, efetivamente concluindo-o, ou apenas como observadores, buscando conhecer mais sobre o tema apresentado. A grande diferença é que o processo educativo está centrado nos estudantes, que aprendem e ensinam em contribuição à produção.
O evento teve como objetivo compartilhar o conhecimento e a experiência de Lani no ambiente digital de ensino colaborativo. Conforme consta no Relatório Horizon, citado pela docente, “os paradigmas da educação estão mudando para incluir mais aprendizagem web, aprendizagem mista, híbrida e os modelos colaborativos. Os estudantes já gastam muito do seu tempo livre na internet, aprendendo pela troca de novas informações. As instituições que adotam concomitantemente os paradigmas de aprendizado face-a-face, on-line e híbridos têm potencial para alavancar as habilidades que os alunos já desenvolveram independentemente da academia”.
Segundo a professora, não se pode mais negligenciar as ferramentas digitais; é preciso que os professores compreendam como utilizá-las para ampliar o aprendizado. “Os cursos tradicionais de formação de professores ainda não incorporaram essas ferramentas, mas grande parte dos alunos se utiliza de muita tecnologia, o que torna necessário que os professores aprendam a usá-la também”, destacou.
Lani esteve na Escola a convite do professor José Dutra de Oliveira Neto, do Departamento de Engenharia de Produção da EESC, que ministrou a seus alunos uma disciplina sobre o tema. O docente destacou que a principal ideia de um MOOC é mudar os paradigmas de aprendizagem on-line: ao invés de ficar centrado ao professor, o aluno passa ser o centro. Isso significa que, na prática, o docente é apenas um dos recursos disponíveis e compete, por exemplo, com conteúdos da web. Desta forma, o estudante se torna responsável pelo seu próprio processo de aprendizado, escolhendo o que estudar, quando e como.
“O que muda nos cursos abertos e massivos é a forma de ensinar. No Brasil, em termos de ensino, poucos têm a oportunidade de fazer um curso superior, por isso muitos ficam distante de conquistar melhores condições de vida e emprego. A partir do momento em que se oferece um aprendizado gratuito e de alto nível, os interessados terão acesso a ele, mudando o sentido da educação com qualidade”, explicou Oliveira.
A professora Lani também acredita que o ensino através da internet será o futuro da educação, principalmente em relação à demanda para adultos.“Para os alunos novos, que acabaram de concluir o ensino médio, as universidades ainda podem existir, mas aos adultos acho que a demanda de estudos será no sentido remoto. Não sabemos os tipos de tecnologia que serão utilizados, mas atualmente temos sistemas de gerenciamento de aprendizado, simuladores, jogos e, mesmo não sabendo o que mais pode surgir, podemos afirmar que a colaboração on-line será a grande demanda do ensino”, afirmou.
Embora a proposta e participação possam ser semelhantes às de um curso de Educação a Distância (EAD) numa faculdade ou universidade, em um MOOC não são exigidos pré-requisitos nem são desenvolvidas obrigatoriamente avaliações do aprendizado, porém alguns ainda oferecem certificados de participação.
O MOOC tem se multiplicado em ritmo acelerado pela rede nos últimos anos e se solidificado com a progressão dos ideais de educação aberta sugerida pelos Recursos Educacionais Abertos (REA) – projeto desenvolvido por uma comunidade internacional e impulsionado pela internet visando criar bens educacionais pertencentes à humanidade.
Algumas características dos cursos massivos pela internet foram comparadas com o ensino on-line tradicional, oferecido por instituições nas quais as salas possuem em torno de 20 alunos, e com o aprendizado centrado no professor, o qual provê suporte individual para cada um dos discentes. Em um MOOC é possível ter 20 mil indivíduos e, por isso, ele não consegue oferecer o mesmo apoio, entretanto estão sendo desenvolvidas técnicas para ajuda individual, de forma que cada participante esteja no centro do ensino.
“A diferença principal é que os MOOCS são massivos, então o sistema de avaliação individual, quando oferecido, não é tão eficiente quanto em cursos on-line, nos quais o professor consegue conhecer melhor cada estudante”, ressaltou a docente.
Alguns quesitos dos cursos, entretanto, ainda se configuram como obstáculos para sua plena expansão, principalmente em países emergentes. Para participar de um MOOC é necessário ter acesso a um serviço de internet banda larga e autonomia nos estudos; além disso, os cursos atualmente disponíveis são, em sua maioria, oferecidos em língua inglesa e adaptados à cultura dos países desenvolvidos. Ações como esse evento, que visam discutir o tema, atuam no sentido de ajudar a compreender e facilitar a utilização de novas ferramentas.
Por Keite Marques da Assessoria de Comunicação da EESC