Participação da EESC na 67ª Reunião Anual da SBPC abordou diversas áreas
Desenvolvimento industrial e inovação tecnológica
Apresentando atualidades e perspectivas na produção de bens e serviços, Oliveira iniciou sua participação no dia 14, com a conferência intitulada Dilema Entre Manufatura e Serviços: Economia Circular e Novos Modelos de Negócio. O professor abordou ideias para potencializar a inovação tecnológica em empresas no Brasil, tanto sob o ponto de vista institucional, como também em relação ao aspecto estratégico, áreas para atuação e oportunidades.
O docente destacou que o desenvolvimento industrial deve permitir que o planeta supra todo o consumo da sociedade, proporcionando qualidade de vida e um índice desenvolvimento bom para todos. “É preciso combinar as duas coisas: o sonho de ver o mundo inteiro vivendo bem e a existência das condições de suprir o próprio consumo, porém, diante os paradigmas de tecnologia atuais, esse desejo é quase impossível. O desafio é encontrar um novo caminho tecnológico que permita o bem estar de todos sem sobrecarregar o meio ambiente”, explicou.
Durante a apresentação foram citadas as tendências tecnológicas que fazem ou farão parte das estratégias industriais com o objetivo de aumentar a interação entre o conhecimento e os negócios, entre as quais o conceito conhecido como Problem Service System (PSS), o qual permite que o produto seja projetado com maior durabilidade, com a proposta de, ao invés de vendê-lo, comercializá-lo apenas o uso, sendo isso um negócio mais rentável à indústria.
“O PSS é uma grande tendência e está se expandindo rapidamente pelo setor industrial, pois permite uma redução no consumo de bens e a otimização do uso, diminuindo a exploração da matéria prima. É a razão entre a vida do produto e o consumo de recursos naturais que ele demanda. Portanto, se tem vida maior para o mesmo recurso natural, relativamente tem um desempenho ambiental melhor”, comentou Oliveira.
Finalizando sua apresentação, o professor debateu sobre como melhorar o perfil investigativo dos estudantes de engenharia a fim de que contribuam para o caminho da inovação. Para ele, a iniciação científica é um método eficaz de aprendizado, pois incentiva o aluno a colocar a mão na massa, desafiando-o sem o medo errar. “Isso cria um diferencial de motivação no estudante que nunca mais vai sair da cabeça dele”, definiu o docente.
Dando continuidade à programação, o professor ainda participou de mais duas mesas-redondas: uma no dia 15, com o tema Parcerias entre os setores público e privado para atendimento de demandas tecnológicas, e outra no dia 17, quando apresentou a Evolução do PNPG e estruturação de uma agenda nacional de pesquisa.
Segurança Hídrica
O professor Eduardo Mendiondo marcou presença na mesa-redonda Segurança e Pegada Hídrica. Na apresentação ele explicou o conceito de bacias hidrográficas, além de quantificação, sustentabilidade, medidas de adaptação, mitigação e compensação dos recursos hídricos.
“A segurança hídrica é a capacidade de ter bens e serviços nas cadeias produtivas atendendo os padrões de quantidade e qualidade ofertados pelo uso dos nossos recursos hídricos, dentro do coeficiente para consumo, seja residencial, comercial ou industrial”, explicou Mendiondo.
No gráfico apresentado pelo docente foi possível comparar a oferta e a demanda dos recursos hídricos no ano de 2010, além das projeções para os anos de 2025 e 2050, nas regiões atendidas pela Bacia do Tietê. Na leitura dos dados é possível verificar que a oferta não cresce, fica estagnada ou tende a diminuir, porém já a demanda aumenta. “Se tivéssemos utilizado o gráfico de 2010 como um alerta, talvez teríamos chegado à última crise hídrica mais preparados para dificuldades enfrentadas. Para o futuro, o balanço entre a oferta e a demanda já aponta muita complexidade”, afirmou.
Ele também explicou que o contexto de segurança hídrica não se define apenas na falta de água, mas também ao excesso, que ocasiona inundações em diversas regiões do país. Com o monitoramento diário é possível levantar informações em tempo real para diversos profissionais da área como hidrólogos, engenheiros, meteorologista e geógrafos que podem verificar onde acontecem os casos mais extremos, possibilitando enviar alertas a municípios e prefeituras para que adotem medidas cabíveis de segurança a tempo de evitar fatalidades.
Exposição de tecnologia
Na ExpoT&C, os professores Marcelo Becker e Daniel Magalhães expuseram o Robô Mirã, com a parceria da pesquisadora da Embrapa Instrumentação, Debora Milori. O equipamento foi projetado para realizar análises de propriedades físicas e químicas de solo ou plantas, diretamente no campo. O robô embarca a técnica LIBS – Espectrostopia de Emissão Óptica com Plasma Induzido por Laser – que permite quantificar simultaneamente diversos elementos, incluindo macro e micronutrientes.
Os pesquisadores trabalham há mais de um ano com o robô em uma versão simplificada para utilizar no campo e aplicar a técnica: “Sem o protótipo inicial jamais saberíamos a dificuldade de análise em campo, pois o robô atua em situações variáveis de plantas e regiões, aumentando a confiabilidade”, explicou Becker.
Atualmente eles trabalham em uma versão mais complexa, que terá uma suspensão passiva adaptável à rugosidade do terreno, permitindo encontrar a posição ideal para dar o tiro de luz – similar ao robô Curiosity desenvolvido pela NASA para explorar a superfície de Marte. “Os alunos envolvidos com a pesquisa estão começando a trabalhar no aperfeiçoamento da área de mecatrônica, que envolve posicionamento e limpeza do terreno. A análise do robô é multielementar, porém a equipe atua com estratégia multidisciplinar, pois envolve muitas áreas do conhecimento”, definiu Magalhães.
A proposta do equipamento é fazer análise química de amostras de solo ou plantas. Em diferentes tipos de solo, poderia estimar a quantidade de matéria orgânica, seu pH e fertilidade. Em plantas, poderia realizar uma análise nutricional e, possivelmente detectar doenças, porém essa aplicação ainda está em avaliação pelos pesquisadores, pois é preciso encontrar a melhor técnica para estudar a amostra e, a partir disso, aperfeiçoar a tecnologia.
Ainda não há uma previsão de quando a tecnologia estará disponível para agricultores e outros profissionais do campo, por questões de recursos financeiro e humano.
A Escola também esteve representada pelo Centro Avançado EESC para Apoio à Inovação (EESCin) no estande do Instituo Inova, gestor do Parque Eco Tecnológico Damha (Ecotec Damha), contando com apresentação digital sobre convênios de pesquisas e os cursos de graduação da EESC, além da entrega de kit institucional.
Por Keite Marques da Assessoria de Comunicação da EESC
Fotos: Keite Marques