Ex-doutorando é premiado em concurso na Alemanha

A competição é uma iniciativa do German Federal Minister of Education and Research (BMBF, sigla em alemão), organizada e conduzida pela Project Management Agency of the German Aerospace Center (DLR-PT, sigla em alemão), que premia jovens pesquisadores – até 32 anos – de diversas áreas do conhecimento em função da trajetória acadêmica e impactos positivos promovidos na ciência.

Oliveira, que atualmente realiza pós-doutorado no Departamento de Hidráulica e Saneamento (SHS) da EESC, realizou as pesquisas para sua tese de doutorado sob a orientação do professor do SHS Edson Cezar Wendland. Seus estudos tiveram como alvo os processos hidrológicos – que se referem à troca contínua de água na hidrosfera, entre a atmosfera, a água do solo, águas superficiais, subterrâneas e das plantas – e processos de erosão do solo, visando a compreendê-los melhor em diferentes ‘landscapes’. O pesquisador tem usado vários dados hidrometeorológicos para desenvolver e melhorar modelos do ciclo hidrológico e também progredir novos processos físicos sobre a infiltração de água no solo, evapotranspiração, interceptação e erosão do terreno para a região do cerrado nativo e as principais culturas agrícolas encontrados naquela área.

No desenvolvimento da pesquisa, utilizou diferentes escalas de trabalho – vertentes, bacias hidrográficas e continental –, usando dados experimentais in situ (no exato local onde acontece), de laboratório e a partir de sensoriamento remoto. “Uma melhor compreensão dos processos hidrológicos e das consequências de mudança de uso e cobertura do solo irá proporcionar o desenvolvimento sustentável do país, garantindo a conservação do solo e da água, bem como a disponibilidade hídrica para diferentes usos”, explicou Oliveira.

O governo alemão acredita que as problemáticas do aquecimento global, a vasta contaminação no meio ambiente e a escassez de energia e de recursos naturais são alguns dos maiores desafios da atualidade. Por isso, desde o seu lançamento em 2009, a BMBF visa intensificar com o programa a troca global de conhecimento e experiências entre jovens pesquisadores no domínio da investigação ambiental e de sustentabilidade. “O prêmio traz prestígio internacional e possibilita a cooperação em pesquisa com as melhores instituições da Alemanha. Além disso, são expostas várias oportunidades para migrar e desenvolver pesquisa na Alemanha”, destacou o pesquisador.

O concurso deste ano atraiu mais de 550 inscritos, de mais de 90 países, que foram avaliados por um júri de grandes especialistas de diversas áreas e que resultaram em 28 talentosos pesquisadores selecionados e premiados, sem classificação. Ao longo de 15 dias ocorreram diversas apresentações e reuniões com agências de pesquisa da Alemanha.

Na primeira semana, o pesquisador brasileiro esteve com os demais vencedores visitando empresas e indústrias das cidades de Dusseldorf, Duisburg e Berlin. Na segunda, Oliveira participou individualmente de encontros com pesquisadores de alto nível na área de hidrologia das instituições: University of Stuttgart, University of Potsdam e Max Planck Institute for Meteorology. “As reuniões foram extremamente produtivas, gerando a colaboração em dois novos artigos científicos. Espero que ainda possamos colaborar em novos projetos e artigos no futuro. Além disso, o BMBF irá financiar cada ganhador durante três meses para desenvolver pesquisa nos centros escolhidos na Alemanha”, destacou.

No entanto, segundo Oliveira o que lhe chamou atenção na Alemanha foi a quantidade de recursos financeiros que o BMBF investe em produção científica. “É muito nítido que o investimento em pesquisa proporciona o desenvolvimento do país em diversos aspectos, tais como: cultura, educação e tecnologia”, salientou.

Para o pesquisador, além do prestígio, participar do evento proporcionou uma experiência internacional que agrega valores, conhecimentos e novas ideias, tanto para a carreira profissional quanto para os futuros trabalhos científicos. Além disso, o prêmio Green Talents tem ajudado a ampliar sua rede de contatos na Alemanha, bem como potenciais parcerias de pesquisa. “Durante o período de reuniões tive a oportunidade de discutir ideias e ouvir conselhos de pesquisadores de referência na área de hidrologia. Acredito que isso me ajudará a tomar decisões corretas na minha carreira acadêmica”, concluiu Oliveira.

Por Keite Marques da Assessoria de Comunicação da EESC Fotos: Divulgação