Robôs colaborativos e as perspectivas do engenheiro no mercado de inovação e automação
Apresentando o mercado atual e as perspectivas para os próximos anos, o engenheiro e presidente da empresa Pollux, José Rizzo Hahn Filho, participou da XII Semana da Engenharia Mecatrônica (SEMATRON) da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, que ocorreu de 9 a 13 de maio.
Segundo Hahn, o robô colaborativo é uma inovação e, ao mesmo tempo, um aprimoramento dos mecanismos robóticos industriais convencionais que, por segurança, precisam estar completamente isolados dos trabalhadores humanos. Isso torna a instalação mais complexa e cara, além de requerer mais espaço físico no chão de fábrica, muitas vezes indisponível. "A tecnologia colaborativa trouxe mais facilidade de instalação, consequentemente menor custo, além de ocupar um menor espaço nas fábricas", comentou o presidente.
O robô colaborativo costuma ser empregado nas indústrias em setores de atividades repetitivas ou de insalubridade, que aumentam as probabilidades de problemas de saúde ou de acidentes. Uma das vantagens de se investir nesse recurso é a facilidade de programação, pois a máquina tem a capacidade de imitar os movimentos dos membros superiores de uma pessoa e gravar em sua memória para repeti-los em série. Outro benefício é a segurança para trabalhar lado a lado com os operários, garantida por meio de diversos sensores acoplados (de distância, força, localização etc.), que conseguem detectar obstáculos no trajeto das máquinas e parar o comando para evitar acidentes.
Atualmente a tecnologia é uma tendência mundial, com a expectativa de que o mercado dobre a cada ano. "Em um futuro muito próximo os robôs colaborativos farão parte da nossa vida, não só trabalhando em fábricas, mas servindo-nos no balcão de um bar", comentou Hahn. O primeiro robô colaborativo no Brasil iniciou suas atividades em dezembro de 2013.
O aluno do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da EESC, Gustavo Lahr, pesquisa novas tecnologias para robôs colaborativos e acredita que eles irão revolucionar a automação. Segundo ele, o mercado em 2015 movimentou aproximadamente US$ 100 milhões, e as prospecções para 2020 ultrapassam US$ 1 bilhão. "No Brasil ainda é uma área pequena se comparada à robótica tradicional, mas que vem recebendo investimento por conta das tendências mundiais", disse.
O professor do Departamento de Engenharia Mecânica (SEM) da EESC, Adriano Almeida Gonçalves Siqueira, trabalha com robôs colaborativos para reabilitação física de humanos que perderam parcialmente os movimentos de membros superiores e inferiores. Suas linhas de pesquisa envolvem tecnologias como os exoesqueletos e os robôs manipuladores que podem auxiliar nos exercícios de fisioterapia. "A colaboração desses robôs na área da saúde é uma realidade e tem um futuro promissor. A perspectiva é de que as aplicações se multipliquem, impulsionando a inovação e o aprimoramento tecnológico", destacou o docente.
Para Hahn, o Brasil não terá alternativa se não investir nessa tecnologia, pensando no crescimento industrial e produtivo do país. "Passando a crise, acredito que os investimentos voltarão e teremos muitos projetos ligados ao conceito de internet industrial e automação usando robôs colaborativos", ressaltou.
Nessa perspectiva, ele afirmou a crescente demanda por engenheiros capacitados em desenvolver novas tecnologias, "aos atuais e futuros engenheiros, a pró-atividade e a experiência em atividades de extensão que ultrapassem o contexto aprendido dentro da universidade serão o grande diferencial para ser um profissional bem sucedido na área".
A Semana
A SEMATRON chegou à sua décima segunda edição com uma programação diversificada, com palestra e atividades técnicas na área de engenharia mecatrônica. "Por meio de palestras de qualidade, o evento transmitiu diversos conhecimento em áreas de extrema importância para o engenheiro mecatrônico, além aproximar o aluno do mercado de trabalho e oferecer minicursos e workshops que incrementam o conhecimento e ampliam habilidades com softwares e ferramentas", comentou o membro da comissão organizadora, Gustavo de Almeida.
Este ano o evento contou com 411 participantes da USP e de instituições parceiras, como a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) e Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
A abertura da Semana foi realizada pelo diretor da EESC, professor Paulo Sergio Varoto, e os professores do SEM, Maíra Martins da Silva, Renato Goulart Jasinevicius, Marcelo Becker, que foi o coordenador dessa edição, e Daniel Varela Magalhães, que será o coordenador da SEMATRON 2017.
Por Keite Marques da Assessoria de Comunicação da EESC
Fotos: Keite Marques