Integrando a sociedade ao ambiente da USP
Após o trágico episódio, a Universidade promoveu um projeto envolvendo a participação de moradores dessa comunidade. A iniciativa foi tão positiva, que a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP criou o Projeto Aproxima-Ação, desenvolvendo atividades com o objetivo de detectar demandas sociais, promover ações educativas etc.
Em 2003, José Marcos Alves, docente da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, realizava doutorado-sanduíche nos Estados Unidos, quando soube de um projeto de inclusão social da Intel. Interessado na iniciativa, assim que regressou ao Brasil ele visitou a única instituição de ensino brasileira que recebera infraestrutura da multinacional para realizar o projeto e decidiu implementar a metodologia do programa na cidade de São Carlos.
Com a participação de autoridades políticas e do campus da USP em São Carlos, a iniciativa de Alves foi inaugurada em 2006, em uma igreja coordenada pelo Padre Eduardo Malaspina, na Vila Carmen. O programa, que decorre no âmbito do Anjo da Guarda (uma iniciativa da igreja), acontece em uma sala chamada Inclube, onde crianças com aproximadamente 10 anos aprendem a usar o computador.
Com seu envolvimento no Inclube, Alves passou a interagir com parceiros educacionais, tendo conhecido o trabalho da Fundação Bradesco e do Bradesco Instituto de Tecnologia (BIT), bem como da CISCO, "a empresa mais importante do mundo em TI ", segundo o docente.
Com base nessas experiências e em seu conhecimento acerca do sucesso do projeto Pequeno Cidadão, que se realiza no campus da USP em São Carlos, Alves queria iniciar um programa que estivesse em consonância com o Projeto Aproxima-Ação e que envolvesse jovens de classes sociais menos favorecidas que vivem na região da Área II do Campus.
Em agosto de 2015, com o apoio da Prefeitura (PUSP-SC) e das demais unidades do Campus, em especial com o Instituto de Física de São Carlos (IFSC) e com o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), ambos da USP, foi lançado o Centro de Inclusão Social (CIS), que é coordenado por Alves e pelo também professor da EESC, Carlos Goldenberg, oferecendo cursos dedicados ao ensino de inglês, física e informática.
Inicialmente, com um recurso de cinco mil reais que recebera da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP, o CIS inaugurou o curso de inglês que teve início com alguns alunos das Escolas Estaduais "Attilia Prado Margarido" e "Professor Bento da Silva César", bem como dos projetos sociais Pequeno Cidadão e Menor Aprendiz. O método de ensino do curso é baseado no 'Read In', um conceito de ensino que tem como finalidade aprimorar a habilidade de leitura em inglês.
O curso deu - e tem dado - certo, e no segundo semestre de 2016 o CIS lançou outras duas atividades. Uma delas foi A Física do Cotidiano na Construção da Cidadania, que é realizada em parceria com o IFSC para possibilitar que os jovens compreendam fenômenos físicos por meio do uso de equipamentos que fazem parte das disciplinas da graduação do Instituto; a outra foi o Laboratório de introdução à informática para alunos do ensino fundamental, que visa ao ensino de conceitos básicos de informática, através de atividades teóricas e experimentais. Os três cursos são ministrados por monitores que recebem bolsas remuneradas do Programa Unificado de Bolsas de Estudo para Estudantes de Graduação da Universidade.
Ampliando o projeto...
Mesmo com essas atividades se realizando, Alves e Goldenberg já têm elaborado outros cursos, como de Matemática, Ética e TI, que poderão ser lançados pelo CIS num futuro próximo, tendo como foco o já citado público-alvo. Aliás, ambos os docentes também têm refletido sobre a possibilidade de promoverem a inclusão digital entre adultos, bem como um curso de "inglês de sobrevivência", voltado ao ensino de conceitos básicos do idioma inglês a servidores da USP que interagem com visitantes estrangeiros.
Hoje, as atividades do CIS acontecem no Polo de Ensino à Distância na Área II. Mas, em 1º de dezembro de 2016, a Comissão de Planejamento Acadêmico do Campus USP São Carlos aprovou, por unanimidade de seis votos, o uso pelo CIS de uma sala multiusuário localizada na Biblioteca da PUSP-SC, também na Área II, onde, futuramente, um novo prédio poderá alocar todos - ou quase todos - os projetos de inclusão social da Universidade. "Essa ideia surgiu, porque o professor da EESC, Francisco Antonio Rocco Lahr, recebera um prêmio em dinheiro e o destinara para a PUSP-SC, que decidiu investir o recurso na construção de uma sede para os projetos", explica Alves.
Na segunda quinzena deste mês, os participantes do curso de inglês foram instruídos a se credenciar no Serviço da Biblioteca. Para Goldenberg, aproximar os jovens desse espaço da Área II é uma particularidade muito importante, já que os instiga a criar o hábito de leitura. "Essa oportunidade é fundamental para o futuro desses jovens, porque muitos se tornam leitores na fase adulta, o que é muito complicado", diz Goldenberg, que constantemente indica livros aos seus estudantes uspianos, recebendo depoimentos positivos acerca dos novos hábitos de leitura dos alunos.
Para Alves, o contato dos participantes do CIS com a Biblioteca e os demais espaços do Campus é um modo de influenciá-los a se dedicarem aos estudos e eventualmente ingressarem nos cursos da Universidade, sendo, igualmente, uma alternativa para a USP se apresentar à comunidade em geral, enfatizando que a instituição não é uma "ilha", mas sim um espaço aberto. "A extensão é o caminho mais fácil para mostrarmos à sociedade a importância da Universidade".
Os professores Alves e Goldenberg
Neste ano, o CIS recebeu a doação de 54 livros em inglês pela editora Pearson Education do Brasil S/A, que já em 2016 doara 29 dicionários que estão disponíveis no acervo da Biblioteca da PUSP-SC.
Por Assessoria de Comunicação do IFSCImagens: Assessorias de Comunicação do IFSC e do CIS