No primeiro semestre de 2016, estudantes de graduação da disciplina de Gestão da Qualidade, oferecida pelo Departamento de Engenharia de Produção da EESC-USP, foram desafiados a aplicar os conhecimentos adquiridos na disciplina em uma situação real.
Uma das equipes fez contato com os responsáveis pelo Banco de Sangue da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos com a intenção de avaliar o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), por meio de uma ferramenta de diagnóstico customizada para o setor de saúde, mais especificamente bancos de sangue.
Muito se sabe que as organizações de saúde, principalmente em países em desenvolvimento, enfrentam muitos desafios em relação à competitividade do mercado, expectativas dos clientes e demandas regulatórias.
Os SGQs surgiram como ferramentas de suporte eficazes para os gerentes e a demanda por certificação ISO aumentou. No entanto, o processo de diagnóstico do SGQ antes da certificação costuma ser complexo, demorado e caro. A proposta combinou um conjunto de padrões internacionais de qualidade, princípios de gestão de mudanças e ferramentas de mapeamento de processos. A construção da ferramenta foi feita em colaboração com a instituição parceira, com o objetivo de deixá-la intuitiva para replicações e de fácil entendimento para pessoas que não possuem conhecimento detalhado dos termos da ISO.
É possível aplicá-lo por meio de auditorias internas, portanto, é útil para organizações que buscam certificações relevantes para definir os próximos passos a serem dados para melhoria da qualidade. O projeto piloto da ferramenta de diagnóstico foi bem-sucedido na identificação de lacunas que exigiam maior desenvolvimento, apresentando níveis de maturidade para cada requisito dos padrões internacionais.
Vale ressaltar que a disciplina não tinha como objetivo focar no setor de saúde, e todo o conhecimento adquirido foi esforço da equipe em atender as demandas específicas da organização parceira.
Além do trabalho técnico realizado pela equipe em 2016, tais estudantes foram responsáveis pelo início de uma parceria com a Santa Casa de São Carlos que vem ocorrendo de forma frequente com o Departamento de Eng. de Produção, em atividades não apenas de ensino, mas também de pesquisa e extensão. Por exemplo, no primeiro semestre de 2017, o curso de Engenharia de Produção da EESC-USP realizou a primeira turma do Projeto Integrado de Melhoria (PI-1) para os estudantes do quarto ano, ingressantes em 2014 no currículo novo do curso. Para isso, foi necessário estabelecer contatos com empresas da região e, dado ao sucesso do desempenho da equipe, a Santa Casa não hesitou em participar e vem mantendo a parceria até hoje.
Coincidentemente, em 2021, mais uma vez o banco de sangue da Santa Casa será o foco de uma das equipes da quinta turma de PI-1, agora on-line.
O vídeo disponível neste link traz o depoimento do então aluno Vinicius G. de Lemos, que foi quem liderou os demais autores na estruturação do paper, depois da disciplina.
Segundo Vítor Zanetti, que atualmente é consultor sênior na Porsche Consulting, “este projeto foi um ótimo exemplo dos desafios que encontramos no mercado, onde é necessário identificar as oportunidades de melhoria do cliente rapidamente e, de forma simples e objetiva, mostrar os campos de ação e benefícios”.
César Martins da Costa, gerente do Banco de Sangue da Santa Casa de São Carlos em 2016 (atualmente Diretor administrativo na Santa Casa Saúde Ribeirão Preto), afirma que a construção da parceria entre USP/Banco de Sangue da Santa Casa de São Carlos foi um dos melhores projetos que a Instituição participou, corroborando com a perspectiva de aprendizado e crescimento do time liderado pelo Professor Mateus Gerolamo, bem como ganhos em otimização de processos para o Banco de Sangue. “O projeto foi estruturado excepcionalmente, com um time engajado e buscando melhorias em todos os processos. A parceria com a USP, definitivamente, elevou a qualidade do produto que produzimos.”
Para o professor Mateus C. Gerolamo, responsável pela disciplina na época, “este paper é um dos exemplos de resultados que podem surgir pela utilização de abordagens de aprendizagem ativa, indo além das fronteiras da sala de aula e do conteúdo programático. Isso promove o aprendizado baseado em competências, indo além dos conhecimentos básicos e traz significado aos estudantes e impacto para a sociedade”.
Informações sobre o paper:
Mais informação:
Vinicius Greco de Lemos: e-mail: viniciusglms@gmail.com
Mateus C. Gerolamo: e-mail gerolamo@sc.usp.br