A Escola de Engenharia de São Carlos da USP (EESC-USP) sediou de 18 a 22 de maio a "XI Semana da Engenharia Mecatrônica (Sematron)". O encontro anual é realizado pelos alunos do curso de Engenharia Mecatrônica da Escola e, segundo seus organizadores, é um dos maiores eventos da área que acontece no país.
Dentre os diversos assuntos apresentados nas palestras e mesas-redondas, destacou-se a explanação do conceito ‘internet das coisas’ feita pela pesquisadora da Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), Tania Tronco, pelo empresário da Openship, Ricardo Infante, e pela professora e empresária da RF Consultoria, Renata Rampin.O conceito é atribuído aos dispositivos usados diariamente equipados com sensores capazes de captar aspectos do mundo real – como temperatura, localização e presença –, enviando-os a centrais que recebem as informações e as processam de formas específicas, como os ‘data centers’ e suas nuvens. O termo é recente e foi popularizado através de um artigo do pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Kevin Ashton, em 1999, e ainda não há uma real dimensão de suas possíveis aplicações nem de como isso irá interferir na sociedade.A ‘internet das coisas’ tem o objetivo de conectar itens usados no dia a dia à rede mundial de computadores, sendo que a ideia é que, cada vez mais, o mundo físico e o digital tornem-se um só. Atualmente temos como exemplos os relógios inteligentes, que podem obter diversos dados pessoais para uso em aplicativos; a caixa de remédio que avisa o paciente – por SMS, e-mail ou ligação telefônica – sobre os horários que deve tomar a medicação; e a fechadura digital integrada com smartphones que comanda a abertura ou fechamento de uma porta.Tania comentou que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) são fundamentais para que se desenvolva mais nesse campo de inovação e interatividade entre homem e máquina. “Desde 2007 já tivemos o investimento de três trilhões de dólares em TICs, e a ‘internet das coisas’ vem causando uma revolução na área, com a estimativa de 14 trilhões de dólares de investimentos a serem criados nos próximos 10 anos”, informou a pesquisadora.Um dos investimentos aplicados e promissores é o projeto de cidades inteligentes – localidades que empregam diversas ferramentas, sistemas e inovações tecnológicas com as finalidades de melhorar e simplificar serviços e atividades diárias e de promover a sustentabilidade. Mesmo que os investimentos requeridos sejam altos, as propostas apresentam muitas melhorias para população e empreendimentos. A pesquisadora Tania apresentou o uso intensivo de TICs como instrumento para melhorar a infraestrutura e os serviços dos municípios, como nos setores de transporte, água, energia elétrica, segurança, saúde, educação, turismo, esporte, sustentabilidade, negócios e gestão. No Brasil existem alguns municípios pilotos que aplicam alguma TIC, como por exemplo Aparecida (SP) e Búzios (RJ).A cidade de Águas de São Pedro (SP) também possui um projeto em fase de teste que ajuda o motorista a encontrar uma vaga para estacionar através de um aplicativo que envia, em minutos, um aviso para o telefone celular.No asfalto da rua, há dois equipamentos com sensores embutidos em cada vaga, que percebem se há ou não a presença de um veículo no local e enviam essa informação para uma central. Um dos sensores, que funciona com energia solar, acende uma luz vermelha, indicando que a vaga está ocupada; ou uma verde, quando estiver liberada. O sinal segue via Wi-Fi para um receptor preso a um poste que por sua vez encaminha a informação para o programa que administra as vagas e, posteriormente, ao motorista. Quando acessar o aplicativo, o usuário terá sua localização e o número de vagas próximas a ele ou a um lugar desejado. Após escolher uma vaga, a rota é traçada.Já no Projeto Cidade Inteligente Búzios a iluminação pública foi beneficiada com a colocação de 60 luminárias do tipo LED, que propiciam uma economia de energia de até 80 por cento em comparação aos equipamentos tradicionais.O projeto incorporou também novas fontes de energia renovável à rede local existente a partir da instalação de painéis fotovoltaicos em edifícios públicos e de microssistemas eólicos no município. Porém, o ponto de destaque é a tarifa horária, que permite cobranças diferenciadas de acordo com o horário, por meio de um medidor eletrônico inteligente que mede o consumo em intervalos de tempo programáveis, permitindo propor aos clientes ofertas comerciais ligadas à faixa horária.
“Os ganhos ao longo tempo e da efetiva aplicação poderão ser percebidos na melhoria das atividades cotidianas, na desburocratização dos serviços públicos, na intensificação das relações comunitárias, na aquisição e construção de conhecimento, na agilidade das transações on-line, em novas capacitações para o mercado de trabalho e no desenvolvimento social e econômico em geral”, enfatizou Tania.
Sobre a semanaA abertura da "XI Sematron" contou a participação do diretor da EESC-USP, Paulo Sérgio Varoto, que elogiou a organização e o desempenho dos alunos para desenvolver a programação com muita autonomia. “Parabenizo todos os envolvidos neste evento que cada vez mais vem se consolidando como uma das melhores semanas de engenharia mecatrônica e que conta com uma seleta participação de convidados e especialistas na área”, destacou o diretor.
Em 11 anos o evento já contou com a participação de quatro mil estudantes, 125 palestras e 23 parcerias. Com tanta notoriedade, a Semana recebe alunos de outras instituições de ensino de diversos Estados do Brasil, como o estudante Yuri Rezende de Souza, que cursa Engenharia Mecatrônica na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e que participou pela segunda vez do evento. “Aprovei todo o conteúdo das palestras. As abordagens são diferentes do que vemos durante a graduação, e servem como um complemento das disciplinas e aulas”, comentou. O aluno Iago Henrique Tavares Pinto da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ) participou pela primeira vez e avaliou: “A experiência em participar de um evento como esse na EESC é muito interessante e proveitosa para se usar como exemplo no nosso campus”. A programação da Semana ainda contou com outras palestras que abordaram os assuntos: matemática e física na engenharia, empreendimentos e como empreender, poço inteligente de petróleo, tecnologia robótica e robôs inteligentes, agrupamentos de dados e engenharia aeroespacial. Também foram oferecidos minicursos, visitas técnicas e uma visita monitorada para alunos de ensino médio. Por Keite Marques da Assessoria de Comunicação da EESC-USP
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