Violência no ambiente universitário abre ciclo de debates na EESC
01 de setembro de 2019
Atualizado: 04 de setembro de 2019
Compartilhe: Teve início na última quarta-feira, 28, na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, o ciclo de debates Violência é papo sério – Compreensões e perspectivas para o ambiente universitário, com a proposta de discutir e promover ações de prevenção a esse fenômeno social tão complexo.

Abrindo o debate, o professor do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP e membro do Núcleo de Direitos Humanos do Campus USP de São Carlos, Marcel Fantin, fez alguns apontamentos sobre o processo de construção da violência no país e a necessidade do enfrentamento. “Temos que avançar muito nesse contexto de violência estrutural, que é endêmico. Para fazer frente, é necessário sempre buscar uma cultura de direitos humanos e pensar em uma política contra a violência na universidade. Isso tudo passa fundamentalmente pela empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro”, explicou.

Para exemplificar conquistas na área, o professor citou a questão do trote aplicado aos calouros. “O trote nada mais é do que condicionar uma ação de violência para ser aceito pelo grupo. Funcionava como um dispositivo, mas conseguimos minimizar o problema com o trabalho de todos e da Universidade. Essa ideia de tratamento integrado é fundamental”.

A professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Sabrina Mazo D'Affonseca, usou resultado de pesquisas para demonstrar que a violência está presente na comunidade acadêmica e, segundo ela, o mais preocupante é que nem sempre há identificação clara dessas ocorrências. As mais evidentes estão relacionadas a assédio sexual, estupro, coerção, agressões física, moral e psicológica e desqualificação intelectual.

datapopular avon violenciauniversitarios2015-31

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Avon apontou que, em resposta espontânea, apenas 10% das alunas diziam já ter sido vítimas. No entanto, esse número sobe para 67% da amostra, quando foi apresentada às entrevistadas uma relação de situações de violência (respostas estimuladas).

“Precisamos discutir, falar a respeito, senão o problema fica na invisibilidade. Algumas vezes, nem a vítima e nem o agressor entendem claramente que um determinado comportamento foi violento, no entanto, de alguma forma, isso vai trazer consequências. Então, há necessidade da conscientização”.

Outro dado destacado pela professora foi em relação à revitimização. Uma pesquisa da UFSCar mostrou que 80% das alunas vítimas de violência sofreram mais de um episódio. “Isso reforça a necessidade de se coibir, de oferecer ajuda, porque a reprodução da violência faz com que a vítima tenha a sensação de que o problema está nela, o que não é verdade”.

eesc ciclo violecia palestra

Também participou do evento a psicóloga do Escritório USP Mulheres, Prislaine Krodi dos Santos, que falou um pouco do trabalho desenvolvido na Universidade e da importância de ações, como esse ciclo de debates, para o enfrentamento da violência, seja ela qual for “O que a gente precisa é nomear, reconhecer e enfrentar, buscando mecanismos e instrumentos mais eficazes para atuar em várias frentes, como conscientização, ações preventivas, construção de instrumentos reguladores, orientativos e normativos e, ainda, formas de responsabilização e reparação, ou seja, fazer com que após um episódio de violência a pessoa tenha sua trajetória retomada, tanto do ponto de vista acadêmico e profissional, quanto pessoal, afetivo e emocional".

O próximo encontro será no dia 11 de setembro, também às 12h30, com o tema “Estratégias de redução de danos e autocuidado em ambiente universitário”.

Para o diretor da EESC, professor Edson Cezar Wendland, a comunidade acadêmica precisa estar mais presente nesse processo contra a violência, que começa pelo entendimento do problema. “Embora a participação tenha sido pequena, o que demonstra que essa conscientização realmente é um caminho necessário, o debate foi bastante oportuno porque trouxe informações importantes para nossa compreensão e percepção sobre a violência nos campi universitários. É preocupante ver os dados apresentados e, certamente, teremos que avançar nas condições de acolhimento e bem-estar em nosso campus”, afirmou.

O ciclo de debates é promovido pela EESC em parceria com o Serviço de Promoção Social e Moradia Estudantil da PUSC-SC, o Núcleo de Direitos Humanos do Campus de São Carlos e o Coletivo de Mulheres do CAASO.

{youtube}NBood7XWryo{/youtube} 

Assessoria de Comunicação da EESC

foto: Umberto Patracon

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Teve início na última quarta-feira, 28, na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, o ciclo de debates Violência é papo sério – Compreensões e perspectivas para o ambiente universitário, com a proposta de discutir e promover ações de prevenção a esse fenômeno social tão complexo.

Abrindo o debate, o professor do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP e membro do Núcleo de Direitos Humanos do Campus USP de São Carlos, Marcel Fantin, fez alguns apontamentos sobre o processo de construção da violência no país e a necessidade do enfrentamento. “Temos que avançar muito nesse contexto de violência estrutural, que é endêmico. Para fazer frente, é necessário sempre buscar uma cultura de direitos humanos e pensar em uma política contra a violência na universidade. Isso tudo passa fundamentalmente pela empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro”, explicou.

Para exemplificar conquistas na área, o professor citou a questão do trote aplicado aos calouros. “O trote nada mais é do que condicionar uma ação de violência para ser aceito pelo grupo. Funcionava como um dispositivo, mas conseguimos minimizar o problema com o trabalho de todos e da Universidade. Essa ideia de tratamento integrado é fundamental”.

A professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Sabrina Mazo D'Affonseca, usou resultado de pesquisas para demonstrar que a violência está presente na comunidade acadêmica e, segundo ela, o mais preocupante é que nem sempre há identificação clara dessas ocorrências. As mais evidentes estão relacionadas a assédio sexual, estupro, coerção, agressões física, moral e psicológica e desqualificação intelectual.

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Uma pesquisa realizada pelo Instituto Avon apontou que, em resposta espontânea, apenas 10% das alunas diziam já ter sido vítimas. No entanto, esse número sobe para 67% da amostra, quando foi apresentada às entrevistadas uma relação de situações de violência (respostas estimuladas).

“Precisamos discutir, falar a respeito, senão o problema fica na invisibilidade. Algumas vezes, nem a vítima e nem o agressor entendem claramente que um determinado comportamento foi violento, no entanto, de alguma forma, isso vai trazer consequências. Então, há necessidade da conscientização”.

Outro dado destacado pela professora foi em relação à revitimização. Uma pesquisa da UFSCar mostrou que 80% das alunas vítimas de violência sofreram mais de um episódio. “Isso reforça a necessidade de se coibir, de oferecer ajuda, porque a reprodução da violência faz com que a vítima tenha a sensação de que o problema está nela, o que não é verdade”.

eesc ciclo violecia palestra

Também participou do evento a psicóloga do Escritório USP Mulheres, Prislaine Krodi dos Santos, que falou um pouco do trabalho desenvolvido na Universidade e da importância de ações, como esse ciclo de debates, para o enfrentamento da violência, seja ela qual for “O que a gente precisa é nomear, reconhecer e enfrentar, buscando mecanismos e instrumentos mais eficazes para atuar em várias frentes, como conscientização, ações preventivas, construção de instrumentos reguladores, orientativos e normativos e, ainda, formas de responsabilização e reparação, ou seja, fazer com que após um episódio de violência a pessoa tenha sua trajetória retomada, tanto do ponto de vista acadêmico e profissional, quanto pessoal, afetivo e emocional".

O próximo encontro será no dia 11 de setembro, também às 12h30, com o tema “Estratégias de redução de danos e autocuidado em ambiente universitário”.

Para o diretor da EESC, professor Edson Cezar Wendland, a comunidade acadêmica precisa estar mais presente nesse processo contra a violência, que começa pelo entendimento do problema. “Embora a participação tenha sido pequena, o que demonstra que essa conscientização realmente é um caminho necessário, o debate foi bastante oportuno porque trouxe informações importantes para nossa compreensão e percepção sobre a violência nos campi universitários. É preocupante ver os dados apresentados e, certamente, teremos que avançar nas condições de acolhimento e bem-estar em nosso campus”, afirmou.

O ciclo de debates é promovido pela EESC em parceria com o Serviço de Promoção Social e Moradia Estudantil da PUSC-SC, o Núcleo de Direitos Humanos do Campus de São Carlos e o Coletivo de Mulheres do CAASO.

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Assessoria de Comunicação da EESC

foto: Umberto Patracon

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Abrindo o debate, o professor do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP e membro do Núcleo de Direitos Humanos do Campus USP de São Carlos, Marcel Fantin, fez alguns apontamentos sobre o processo de construção da violência no país e a necessidade do enfrentamento. “Temos que avançar muito nesse contexto de violência estrutural, que é endêmico. Para fazer frente, é necessário sempre buscar uma cultura de direitos humanos e pensar em uma política contra a violência na universidade. Isso tudo passa fundamentalmente pela empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro”, explicou.

Para exemplificar conquistas na área, o professor citou a questão do trote aplicado aos calouros. “O trote nada mais é do que condicionar uma ação de violência para ser aceito pelo grupo. Funcionava como um dispositivo, mas conseguimos minimizar o problema com o trabalho de todos e da Universidade. Essa ideia de tratamento integrado é fundamental”.

A professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Sabrina Mazo D'Affonseca, usou resultado de pesquisas para demonstrar que a violência está presente na comunidade acadêmica e, segundo ela, o mais preocupante é que nem sempre há identificação clara dessas ocorrências. As mais evidentes estão relacionadas a assédio sexual, estupro, coerção, agressões física, moral e psicológica e desqualificação intelectual.

datapopular avon violenciauniversitarios2015-31

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Avon apontou que, em resposta espontânea, apenas 10% das alunas diziam já ter sido vítimas. No entanto, esse número sobe para 67% da amostra, quando foi apresentada às entrevistadas uma relação de situações de violência (respostas estimuladas).

“Precisamos discutir, falar a respeito, senão o problema fica na invisibilidade. Algumas vezes, nem a vítima e nem o agressor entendem claramente que um determinado comportamento foi violento, no entanto, de alguma forma, isso vai trazer consequências. Então, há necessidade da conscientização”.

Outro dado destacado pela professora foi em relação à revitimização. Uma pesquisa da UFSCar mostrou que 80% das alunas vítimas de violência sofreram mais de um episódio. “Isso reforça a necessidade de se coibir, de oferecer ajuda, porque a reprodução da violência faz com que a vítima tenha a sensação de que o problema está nela, o que não é verdade”.

eesc ciclo violecia palestra

Também participou do evento a psicóloga do Escritório USP Mulheres, Prislaine Krodi dos Santos, que falou um pouco do trabalho desenvolvido na Universidade e da importância de ações, como esse ciclo de debates, para o enfrentamento da violência, seja ela qual for “O que a gente precisa é nomear, reconhecer e enfrentar, buscando mecanismos e instrumentos mais eficazes para atuar em várias frentes, como conscientização, ações preventivas, construção de instrumentos reguladores, orientativos e normativos e, ainda, formas de responsabilização e reparação, ou seja, fazer com que após um episódio de violência a pessoa tenha sua trajetória retomada, tanto do ponto de vista acadêmico e profissional, quanto pessoal, afetivo e emocional".

O próximo encontro será no dia 11 de setembro, também às 12h30, com o tema “Estratégias de redução de danos e autocuidado em ambiente universitário”.

Para o diretor da EESC, professor Edson Cezar Wendland, a comunidade acadêmica precisa estar mais presente nesse processo contra a violência, que começa pelo entendimento do problema. “Embora a participação tenha sido pequena, o que demonstra que essa conscientização realmente é um caminho necessário, o debate foi bastante oportuno porque trouxe informações importantes para nossa compreensão e percepção sobre a violência nos campi universitários. É preocupante ver os dados apresentados e, certamente, teremos que avançar nas condições de acolhimento e bem-estar em nosso campus”, afirmou.

O ciclo de debates é promovido pela EESC em parceria com o Serviço de Promoção Social e Moradia Estudantil da PUSC-SC, o Núcleo de Direitos Humanos do Campus de São Carlos e o Coletivo de Mulheres do CAASO.

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Assessoria de Comunicação da EESC

foto: Umberto Patracon


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