Trabalho de iniciação científica da EESC é publicado em revista internacional
No entanto, um ex-aluno do curso de Engenharia Elétrica da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP resolveu romper com esse paradigma. Após finalizar sua iniciação científica na área de fotônica, Guilherme S. Arruda conseguiu publicar, como autor principal, um artigo na IEEE Journal of Photovoltaics, importante revista norte-americana. O feito foi comentado por seu então orientador Emiliano R. Martins, professor do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação (SEL) da EESC: “Em geral, um aluno de iniciação científica desenvolve parte de uma pesquisa como forma de treinamento, por isso que a publicação científica em revistas de alta reputação, como a que aceitou o artigo do Guilherme, é algo muito além do que se espera de um trabalho realizado na graduação”, afirma o docente.
A publicação do ex-aluno ganha ainda mais destaque se levarmos em consideração que um graduando, diferentemente de um estudante de mestrado ou doutorado, não possui dedicação exclusiva à pesquisa, uma vez que ainda está realizando seu curso. Emiliano revela que o processo de publicação é complexo e o trabalho passa pela análise e revisão de renomados cientistas da área. Durante o procedimento de submissão, o estudo recebe críticas, requerimento de alterações e, muitas vezes, os revisores demandam a produção de outros resultados que corroborem os argumentos e conclusões do trabalho. “É bem mais comum que o artigo seja recusado do que aceito”, diz o professor, que considera a publicação científica o ápice da atuação de um jovem pesquisador, pois certifica a produção de algo inédito.
A experiência de realizar iniciação científica proporcionou a Guilherme uma bagagem valiosa e contribuiu para uma formação mais completa. “Eu amadureci muito e tive contato, de forma bem mais detalhada, com uma área que eu gostava. A gente se torna mais independente, lê bastante e acaba aprendendo muitas coisas além do curso. Todo o processo de autoconhecimento e autoaprendizagem pelo qual eu passei durante a IC me ajudou a ter um entendimento melhor de algumas disciplinas”, explica o ex-aluno, que hoje faz mestrado no SEL. Seu trabalho também foi reconhecido pela própria Universidade, quando, em 2018, recebeu menção honrosa no Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica da USP (SIICUSP). A conquista lhe conferiu o direito de apresentar seu estudo na Ohio State, em Columbus, nos EUA, onde passou uma semana. “Muitas portas se abrem”, completa.
A pesquisa – Em seu estudo, Guilherme analisou alternativas para aumentar a eficiência de painéis fotovoltaicos, que são produzidos a partir de cristais de silício e absorvem até 70% da luz solar que incide sobre a sua superfície. O desafio que engaja pesquisadores de diversos países do mundo é encontrar estratégias que tornem essas plataformas cada vez mais sustentáveis e com maior capacidade de gerar eletricidade. Partindo deste princípio, o ex-aluno conseguiu “modificar” a superfície da estrutura de silício utilizada em painéis solares, fazendo com que ela, praticamente, não refletisse a luz do sol, absorvendo 99% da iluminação incidente. Com isso, a geração de energia elétrica poderá aumentar consideravelmente.
Ao longo do período em que realizou IC, o pesquisador passou 4 meses na Universidade de York, na Inglaterra, local onde realizou a parte experimental de seu trabalho, teve contato com a fabricação de células solares, acompanhou como é o dia a dia do grupo de pesquisa local e ainda foi coautor de um artigo escrito por uma cientista de York. Até hoje, a iniciação Científica segue contribuindo para a caminhada de Guilherme na esteira da pesquisa, pois, em seu trabalho de mestrado, ele consegue aproveitar algumas técnicas aprendidas na IC: “Por já estar inserido no tema e ter feito uma revisão bibliográfica sobre o assunto, o trabalho fica menos complexo. Com a bagagem adquirida, é possível antecipar algumas etapas”, explica o pesquisador, que teve seu primeiro contato com a ciência durante o intercâmbio que realizou na Technische Universität Braunschweig, da Alemanha, por meio do extinto Programa Ciência sem Fronteiras.
Após ter conquistado tamanha notoriedade, o jovem reconhece que o trabalho foi desgastante, mas que ver seu artigo publicado em uma revista internacional fez valer o empenho: “É muito gratificante saber que outras pessoas vão ler seu trabalho e, inclusive, poderão utilizá-lo de alguma forma. É como se você fizesse um produto e entregasse ao público. É uma criação sua, a qual você sempre tratará com carinho”, finaliza.
Ficou interessado em fazer IC na EESC? Então confira todas as orientações no site da Escola e descubra como participar!
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Texto e foto: Henrique Fontes – Assessoria de Comunicação do SEL/USP