Trabalhos de estudantes da EESC-USP são premiados no Congresso Brasileiro de Cerâmica

Pesquisas envolvendo matéria-prima para fabricar corpos cerâmicos em impressora 3D e peças densas de carbonato de cálcio por meio de sinterização e carbonatação são destacadas durante um dos principais eventos do setor.

A união entre pesquisa e desenvolvimento industrial estimulada nos cursos de graduação e pós-graduação da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP) foi novamente reconhecida e premiada. Dessa vez, o palco foi a cidade de Águas de Lindoia, no interior de São Paulo, que recebeu, entre os dias 6 e 9 de junho, a 65ª edição do Congresso Brasileiro de Cerâmica.

O evento é considerado o mais importante da área no país e um dos maiores em nível internacional, e foi onde dois doutorandos da instituição tiveram seus trabalhos técnico-científicos premiados pela relevante contribuição de conhecimento na área.

Autor do eleito melhor trabalho de pós-graduação apresentado no congresso, Mateus Mota Morais, doutorando do Programa de Engenharia Mecânica (SEM) da EESC-USP, se destacou com seu artigo “Tentativas bem-sucedidas e fracassadas de obter peças densas de carbonato de cálcio por meio de sinterização e carbonatação”, que contou com apoio das agências de fomento CNPq e Fapesp.

“Tínhamos como objetivo produzir peças de carbonato de cálcio puro, algo que é desafiador, já que esse material costuma se decompor durante a fabricação. Nosso trabalho apresenta as várias tentativas feitas, destacando os resultados bem-sucedidos que alcançaram o objetivo proposto, mas também expondo os ‘fracassos’, ou seja, resultados indesejados que também fazem parte da pesquisa, servindo como fonte preciosa de conhecimento e que não deve ser escondida nas publicações”, descreve Morais.

Feliz pelo resultado e reconhecimento obtidos, o doutorando da EESC diz estar motivado para a sequência de seus estudos. “Pelos próximos dois anos sigo no doutorado em busca da evolução na pesquisa científica dessa área. No momento, pretendo aplicar o aprendizado na produção de peças mais complexas em parceria com outros laboratórios e submeter novos resultados a novos artigos”, diz Morais, que complementa: “nesse sentido, é necessário destacar como a universidade tem sido fundamental na minha formação como engenheiro e pesquisador, possibilitando essa rede de contatos e parcerias com outras instituições, centros de pesquisa e também com empresas tecnológicas da cidade, aproveitando as portas abertas para colaborações que a EESC nos possibilita por todo respeito que tem nacional e internacionalmente”.

Impressão 3D cerâmica
O segundo trabalho premiado durante o Congresso Brasileiro de Cerâmica, eleito o 3° melhor na categoria Geral, foi o artigo “Manufatura aditiva de mulita em impressora 3D comercial de baixo custo”, de autoria de Italo Leite de Camargo, também doutorando do Programa de Engenharia Mecânica (SEM) da EESC-USP e docente no Instituto Federal de São Paulo (IFSP), campus de Itaquaquecetuba.

“A impressão 3D cerâmica permite fabricar corpos cerâmicos em pequena escala, com maior liberdade geométrica, menor custo e prazo de entrega reduzido. Contudo, ela costuma depender de equipamentos específicos e custosos. Neste trabalho, foi desenvolvida uma matéria-prima para fabricar corpos cerâmicos em uma impressora 3D comercial de baixo custo, permitindo que a técnica seja acessível a laboratórios e pequenas indústrias”, destaca Camargo.

Assim como seu colega Mateus Mota Morais, Camargo também ressaltou a motivação que esse tipo de reconhecimento dá para a sequência dos estudos. “Temos conseguido um importante avanço com diversas publicações, colocando nosso grupo de pesquisa como referência na América Latina no tema da impressão 3D de materiais cerâmicos. Nesse sentido, agradeço a EESC por possibilitar minha formação como engenheiro e por me descobrir como pesquisador, buscando ajudar na difusão da técnica e do conhecimento, área que pretendo seguir mesmo após a conclusão do doutorado”.

Orgulhoso pelo resultado e pela empolgação de seus alunos, o professor Carlos Alberto Fortulan, responsável por coordenar os grupos de pesquisa de ambos, fez coro à estrutura da universidade para a produção de conhecimento. “Ao longo de seus quase 70 anos, a EESC desenvolveu uma vantagem competitiva relacionada a projetos, materiais, manufatura, elétrica e automação, o que possibilita a criação e consolidação de equipamentos, produtos e serviços de alta tecnologia. Com formação multidisciplinar, nossos alunos integrados conseguem avançar nos limites do conhecimento e estes dois prêmios recebidos recentemente, em trabalhos distintos de tecnologia, só reforçam a aprovação do modelo de ensino e pesquisa desenvolvido e aplicado pelos docentes e colaboradores da nossa instituição de ensino”.

“Fazemos parte de uma universidade que promove e exige, desde a sua criação, a excelência no ensino, na pesquisa e na extensão, e uma das maneiras de reconhecer sua importância e valor é através do recebimento de premiações em eventos públicos, como essas que nossos promissores alunos receberam. Mostram que estamos no caminho certo da docência, da produção científica e do desenvolvimento através da difusão do conhecimento”, conclui Fortulan.