8 de Março: A presença feminina na EESC
08 de março de 2023
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Área historicamente marcada pela forte presença masculina, as Engenharias registram um avanço importante da presença feminina nos cursos de graduação e de pós-graduação.

A Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP), uma das instituições de referência na área, também acompanha essa evolução ao longo dos seus 70 anos de atividades.

Um dos destaques, é a carreira de Engenharia Ambiental, na qual a participação de mulheres já é maior do que a de homens. Em 2008, do total de 218 de alunos matriculados nessa carreira, 44% eram mulheres. Já no ano passado, a presença feminina chegou a 56,3% dos 244 estudantes.

Nos demais cursos de graduação também é observado um avanço de alunas nesses últimos 15 anos, embora ainda não sejam maioria. No caso de Engenharia Mecatrônica – o mais ‘masculino’ dos cursos – os 2% de alunas saltaram para 14,1%. 

Já nos programas de pós-graduação, a presença feminina é ainda mais robusta. Os cursos nesse nível começaram em 1970, com a primeira mulher a receber titulação oito anos depois. Desde então, dos 8.203 pesquisadores que receberam titulações de mestrado, doutorado e doutorado direto na EESC, 66% foram homens e 34% mulheres.

Em relação à evolução do quadro profissional, o número de mulheres docentes representa 14%, do total de 172 professores, e de funcionárias 38% dos 292 servidores.

“Hoje, as mulheres compõem os quadros de discente, docente e técnico-administrativo de forma extremamente competente. Reconhecemos o aumento dessa participação nas atividades fim e meio da EESC, mas, enquanto instituição, precisamos avançar e abordar a equidade de gênero de forma ampla e estratégica, e também, iniciar esse processo ainda fora da Universidade, estimulando mulheres a optarem pelas carreira dominadas por homens”, destacou o diretor da EESC, Fernando Martini Catalano.

Seja para estudar ou para trabalhar na USP, o ingresso é feito por meio de processos seletivos ou concursos, sendo convocados os mais bem classificados. Assim, para ampliar-se o número de mulheres no ambiente universitário é necessário um processo que vai da descoberta ao incentivo, para que elas tenham, além da capacitação, o interesse em buscar esse universo acadêmico das Engenharias.

Internamente, ações como os coletivos femininos, que estão se estruturando no ambiente acadêmico, e o Programa Elas na Engenharia, criado por professoras, funcionárias e alunas para despertar e incentivar meninas do ensino médio público a optarem por essa área do conhecimento, buscam refletir, conscientizar e avançar para a valorização, respeito e equidade do gênero.

Dia Internacional da Mulher na EESC

Uma galeria virtual de fotos (clique aqui para acessar) e um momento de troca de ideias e reflexões sobre as conquistas e desafios marcaram simbolicamente o Dia Internacional da Mulher na Escola de Engenharia.





Para Elenise Maria de Araújo, chefe técnica da Biblioteca da EESC, comemorar, neste ano, torna-se algo muito especial, “pois estamos celebrando também, os 70 anos de existência da Escola e, nesta oportunidade, podemos refletir sobre as inúmeras contribuições das mulheres para o sucesso desta Instituição no decorrer de todos esses anos. Acredito que o futuro para a mulher sempre será de luta, pois as conquistas e desafios diários nos fortalecem e nos impulsionam para a resiliência, acendendo a esperança em dias melhores, dias de mais compreensão, empatia e solidariedade”, complementa Elenise.

“Espero que futuramente tenhamos um ambiente em que não sejamos a minoria”, fala a aluna Brena Marques, de Franca (SP), aluna do curso de graduação em Engenharia Elétrica, desde 2019.

“O estereótipo de que a carreira de Engenharia exige competências que a mulher não é capaz de desenvolver ainda persiste na sociedade e dentro da sua própria família. Isso, com certeza, tem influência na sua escolha e interesse por carreiras em Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática. No meu caso, identifiquei muito cedo a importância da Engenharia na vida e que tinha potencial para trilhar essa profissão”, lembra Vilma Alves Oliveira, professora do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação da EESC e, recentemente, eleita chefe deste mesmo departamento.

Ela revela que ser professora titular na EESC lhe traz muita satisfação pessoal, não só pela conquista acadêmica, mas por ser mulher e poder sinalizar positivamente que a promoção na carreira docente deve fazer parte da vida acadêmica das docentes da Unidade também. “Para aumentar a demanda pela carreira de Engenharia, entendo que as mulheres da EESC podem desempenhar um papel importante, participando de projetos de inclusão que desmistifiquem a carreira de Engenharia e combatam o preconceito sociocultural que incute na mulher a oposição entre racionalidade e sensibilidade emocional”, ressalta Vilma, que foi recentemente presidente da Sociedade Brasileira de Automática (SBA).

Luciana Montanari, professora do Departamento de Engenharia Mecânica da Unidade, espera que no futuro as mulheres da EESC, funcionárias docentes e não docentes, pesquisadoras e alunas, vivam num ambiente sustentável, que favoreça o bem-estar e o compartilhamento, seja de ideias ou de trabalho, com oportunidades igualitárias, e que sejam felizes. “Para mim, ser mulher é uma ponte para a diversidade, que é tão necessária para formação humanística do indivíduo”, aponta a pesquisadora, que também é presidente da Comissão de Graduação da EESC.

Luciana e Vilma são, inclusive, coordenadoras do Programa "Elas na Engenharia", que tem por objetivo estimular meninas do Ensino Médio a optarem pelas áreas de exatas, em especial, a seguir carreira na Engenharia.

Loren Cury Rodrigues, secretária da diretoria da EESC, reitera que a Escola se consagra pela excelência do ensino, da pesquisa e extensão, e se configura como uma das melhores do país. “Como homenagem ao Dia Internacional da Mulher quero destacar que esta celebração só faz sentido a todas as servidoras docentes e não docentes que ajudaram e ajudam a construir esta Instituição, bem como às alunas de graduação e de pós-graduação, responsáveis pelo alto conceito de nossa Escola, tanto no âmbito acadêmico, como no
profissional. Parabenizo todas as mulheres que fazem e fizeram parte desta nossa história”, elogia Loren.