Trabalho premiado da EESC revela relações entre distâncias urbanas percorridas e o teletrabalho
03 de dezembro de 2024
Atualizado: 13 de dezembro de 2024
Compartilhe:

Um estudo conduzido por alunas de mestrado da Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo (EESC-USP), revelou as relações existentes entre distâncias urbanas percorridas e o teletrabalho. O trabalho, motivado após as mudanças de regime profissional híbrido e remoto, impostos pela pandemia a partir de 2021, recebeu o Prêmio ANPET de Produção Científica 2024, durante o 38º Congresso de Pesquisa e Ensino em Transportes, promovido pela Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes, entre os dias 4 e 8 de novembro, em Florianópolis (SC), considerado o maior evento do setor no país.

Intitulado Relações entre Distâncias Urbanas Percorridas e Teletrabalho, o estudo foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Transportes da EESC pelas mestrandas Valentina Carvalho Dias e Carolina Yumi Suzuki Goshima, sob orientação da professora Cira Souza Pitombo, e faz parte de um amplo projeto de pesquisa que trata dos impactos da pandemia da COVID-19 na mobilidade atual, mais especificamente os impactos do teletrabalho e uso de tecnologias da informação e comunicação, numa cooperação internacional com pesquisadores do Instituto Superior Técnico de Lisboa, de Portugal, e outras universidades nacionais.

Da esquerda para a direita: Valentina, Carolina e Professora Cira

“Nossas pesquisadoras identificaram que teletrabalhadores em regime parcial percorrem maiores distâncias para viagens ao trabalho, em média 21,1 km, enquanto teletrabalhadores integrais têm menor frequência de deslocamento para trabalho, em torno de 6 km, e trabalhadores em regime presencial se deslocam pouco mais, em média 10,3 km”, destaca Cira.

Para a professora da EESC e orientadora do estudo, “os achados mostram um potencial uso do teletrabalho como ferramenta de gerenciamento da mobilidade, ocasionando redução de frequências de viagens. No entanto, também pode causar impactos negativos futuros por meio de escolhas domiciliares mais distantes e espraiamento urbano, que seria o crescimento desconcentrado das cidades, com formação de vazios urbanos”.

A distância média percorrida por cada perfil de trabalhador foi obtida com a análise de dados de uma pesquisa de abrangência nacional, realizada entre abril e junho de 2022, com 247 respondentes. O questionário envolvia características socioeconômicas e do teletrabalho, a rotina de deslocamentos e o uso de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Dos participantes, a maioria era do gênero feminino (56,7%), com idade média de 31 anos, ensino superior completo (60,3%), localizados predominantemente na região Sudeste (74,5%) e com posse de um automóvel (50,2%). Quanto ao regime de trabalho, 51,4% dos entrevistados eram trabalhadores presenciais, 21,1% teletrabalhadores parciais e 27,5% teletrabalhadores integrais.

“Consideramos o teletrabalho integral aquele com a realização de atividades de trabalho fora do local do empregador, de forma remota, no total de horas semanais obrigatórias. Já o teletrabalho parcial é composto pela realização dessas atividades tanto na forma remota quanto na forma presencial, em diferentes dias da semana, o chamado híbrido.

“A investigação traz achados associados aos efeitos positivos e negativos do regime na mobilidade, sendo um tema bastante amplo a ser explorado, como trabalhadores que residem em cidades diferentes das suas empresas, como o teletrabalho pode implicar a substituição para a não viagem com motivo trabalho ou mesmo como pode também acarretar potenciais aumentos de e-commerce e diminuição de frequências semanais de viagens com motivo trabalho”, explica Cira.

Justamente por essa relevância é que a docente credita a premiação durante o maior congresso do setor de engenharia de transportes do país. “Trata-se de um reconhecimento ao que produzimos e que nos dá ainda mais energia para seguir com as pesquisas correlacionadas, fomentando discussões sobre essa questão com impactos para as cidades”, conclui a docente.

Denis Dana, para a Assessoria de Comunicação da EESC


Veja também