Alunos de diferentes culturas participam de desafio internacional de empreendedorismo
O evento acontece desde 2007, quando a Hong-Kong University of Science and Tecnology (HKUST), da China, teve a iniciativa de propor anualmente um desafio diferente para que alunos de graduação desenvolvessem com excelência e em um curto prazo projetos de negócios na área de tecnologia e inovação com a participação da Universidade de São Paulo, da University of Illinois Urbana-Champaign, dos Estados Unidos e da Universität Bayreuth, da Alemanha.
A décima edição contou com a organização do professor do Departamento de Engenharia de Mecânica (SEM) da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, Marcelo Becker, e propôs aos participantes apresentarem uma ideia inovadora de aplicação para drones. “O principal benefício do concurso foi proporcionar um aprendizado constante aos alunos, com foco na visão e na percepção do mercado empreendedor de tecnologia e inovação”.
A abertura do evento ocorreu no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP e contou com a presença do diretor da EESC, professor Paulo Sergio Varoto, o coordenador da Agência de Inovação – polo São Carlos, professor Vanderlei Salvador Bagnato, e os respetivos docentes representantes das instituições estrangeiras.
Posteriormente, os participantes foram divididos em oito grupos – Scifly, Light Equipment Drone Transport, Nemo, Beebe, Safe Drone, Resc Zeus, AeroPaint e Game of Drones – com seis integrantes cada, de nacionalidades diferentes, para que as barreiras culturais e linguísticas fossem quebradas e as ideias individuais fossem discutidas até o consenso do melhor projeto a ser apresentado.
A estudante Wami Ogunbi da Univesity of Illinois at Urbana-Champaign comentou que o maior desafio foi a barreira cultural dos colegas de equipe. “Já estive em outros países e tive a oportunidade de trabalhar com diferentes nacionalidades; eu sabia das dificuldades que teria com a comunicação. Mas é sempre uma grande experiência compreender outras culturas”, destacou a americana.
Durante uma semana, os participantes se desligaram do mundo externo e se abrigaram nas dependências da USP para mergulharem de cabeça nos projetos. Ao final do trabalho de cada dia, os alunos apresentavam os projetos para os mentores que tinham a função de instruir e direcionar no sentido de aperfeiçoamento das ideias. “Os grupos participaram de workshops, fizeram estudos de caso e resolveram problemáticas que serviram como base de conhecimento para a evolução dos projetos”, explicou o Becker.
Nesse período os participantes também realizaram visitas à TAM, Xmobots Aeroespacial e Defesa, assim como à Embrapa Instrumentação, em São Carlos, onde puderam aprofundar mais o conhecimento sobre empreendedorismo, mercado de trabalho, inovação e tecnologia.
Na sexta-feira os competidores foram até a cidade turística de Brotas, conhecida por oferecer atrações de esportes radicais e trilhas em meio à fauna e à flora da região, com o objetivo de relaxarem. “É importante no meio do processo e da pressão do desafio, que eles tenham um momento de descanso para diminuírem o nível de nervosismo e ansiedade da final”, explicou o organizador.
Na grande final, os estudantes estavam ansiosos, porém muito confiantes em suas ideias. Cada grupo teve 20 minutos para exposição e para perguntas e respostas. A cada quatro apresentações os jurados seguiam até uma sala separada para opinarem sobre as notas dos trabalhos.
Ao retornarem para o Auditório, os últimos quatro trabalhos foram apresentados e novamente o júri se reuniu para validar as notas. No fim, o anúncio dos vencedores foi feito: com a proposta de aplicação de drones para jogos interativos, o grupo Game of Drones foi o campeão. “Planejamos um centro de encontro de amigos e familiares para que experimentem o que há de novo no universo dos drones, propondo um novo ambiente para o usuário interagir com a tecnologia, com diversão, contato com novos amigos, expandir suas redes sociais e ainda fazer uma boa refeição”, comentou o integrante da equipe João Gabriel Monteiro de Mendonça.
Outro membro da equipe, Felix Renz da Universität Bayreuth, resumiu que foi um desafio difícil, mas gratificante ao mesmo tempo, pois o projeto convenceu o júri do potencial da ideia e da boa oportunidade de negócio. “Foi um trabalho muito criativo, trabalhamos bastante e argumentamos bem nossa ideia; foi impressionante ver o resultado e aprovação pelos jurados”, comentou o estudante alemão.
O júri foi composto pelos especialistas nas áreas acadêmicas e do mercado de trabalho, entre os quais estava o analista administrativo da Agência de Inovação da USP, Eduardo Vieira de Brito, que considerou as apresentações excelentes e um trabalho final bem feito. “O júri tinha a posição dos investidores, e o projeto vencedor mostrou a possibilidade de ser escalonado, ser aplicado em diversos lugares do mundo e gerar um retorno grande de investimento e um curto prazo para implantação”, salientou Brito.
Para o coordenador de engenharia da TAM, João Paulo Panssieira, o nível de capacidade dos alunos foi muito bom. “Eles mostraram entender a parte de análise de mercado e lidar bem com as diferenças de culturas. Com certeza são fortes profissionais para o mercado de trabalho, com o perfil que empresas precisam”, afirmou o jurado.
Para Becker, o evento foi um sucesso, e as equipes superaram as expectativas com as apresentações finais. “Os professores e os alunos elogiaram a estrutura oferecida e se sentiram bem recebidos. As equipes formadas se empenharam bastante para alcançarem os objetivos, defenderam excelentes ideias focadas em várias aplicações e com certeza tiveram uma experiência ímpar que fará diferença no futuro profissional”, destacou o docente.
No próximo ano, a competição ocorrerá na HKUST, e em breve serão divulgadas informações sobre o processo de inscrição dos interessados.
Por Keite Marques da Assessoria de Comunicação da EESC Fotos: Keite Marques
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