Como um enxame de abelhas, um bando de aves e um cardume de peixes inspiraram a robótica
A ideia de desenvolver robôs que trabalhem de forma coletiva, assim como muitos seres vivos fazem, surgiu a partir do conceito de Swarm, conhecido como robótica de enxame. Até a década de 80, a utilização da robótica estava limitada a operações de máquinas dentro das indústrias. Porém, conforme a capacidade de processamento de dados dos computadores foi evoluindo, novas vertentes da robótica começaram a se estruturar, entre elas a cooperativa.
Um exemplo real de onde os estudos dessa área podem ser aplicados é no mapeamento de uma grande zona rural. Imagine que dezenas ou centenas de drones sejam capazes de se comunicar e desempenhar essa função em conjunto. Com esse “trabalho em equipe”, teríamos um resultado muito mais rápido, eficaz e detalhado do que se utilizarmos apenas uma aeronave para o trabalho.
Segurança e meio ambiente são outros cenários em que pode-se desenvolver pesquisas utilizando a cooperação entre robôs. A importância das áreas e a carência de investimentos nesses setores foram algumas das razões que motivaram a criação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Sistemas Autônomos Cooperativos (InSAC), sediado na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP.
Por meio de uma rede de cientistas vindos de universidades, institutos e empresas nacionais e internacionais, serão desenvolvidos estudos que pretendem, por exemplo, contribuir com a preservação da floresta Amazônica, o aumento de produtividade das plantações, a segurança na mobilidade urbana, a extração de petróleo na camada do pré-sal, melhorias no cultivo agrícola, entre outros. Para alcançar esses objetivos, o InSAC atua na pesquisa de cinco grandes áreas: robótica aérea, robótica terrestre, robótica subaquática, teoria de controle de sistemas e inovação.
“O maior desafio em pesquisar dentro desse campo é garantir a confiabilidade dos sistemas. Por isso, devemos torná-los capazes de enfrentar as situações mais imprevisíveis”, explica Marco Henrique Terra, professor da EESC e coordenador do Instituto. A equipe do InSAC conta com 38 pesquisadores que trabalham nos mais diversos campos da robótica. “Essa integração é bastante saudável para otimizar os recursos em pesquisas que estão cada vez mais escassos”, completa Terra.
Segundo o especialista, no país a área de Sistemas Autônomos Cooperativos ainda tem muito a evoluir cientificamente quando comparada ao patamar em que ela se encontra nos Estados Unidos, Japão, China e países da Europa. Apesar da crise econômica que o Brasil atravessa, Terra acredita que as autoridades já estão cientes de que investimentos em ciência e tecnologia são fundamentais para um desenvolvimento sustentável.
Unidos pela pesquisa – Além da USP, representada por cientistas da EESC, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) e do Centro de Robótica de São Carlos (CRob), estão envolvidos no InSAC pesquisadores de cinco universidades federais: a de Minas Gerais (UFMG), a de São Carlos (UFSCar), a do Amazonas (UFAM), a do Rio de Janeiro (UFRJ) e a do Ceará (UFC). O InSAC conta também com a participação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e de dois institutos: o Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM). Participam, ainda, da iniciativa o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI) e as empresas Flight Technologies (FT) e Omega AeroSystems Ltda.
A proposta de criação do InSAC foi aprovada em outubro de 2016 quando o comitê de coordenação dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) definiu os 101 projetos aceitos em chamada lançada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em 2014.
Apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o InSAC iniciou suas atividades em janeiro desse ano e as expectativas sobre os trabalhos que estão sendo desenvolvidos são enormes. “Esperamos produzir ferramentas muito úteis tanto do ponto de vista científico quanto tecnológico para que possamos dar esse retorno à sociedade”, finaliza Terra.
informaçãoAssessoria de Comunicação do InSACTel.: (16) 3373-8740E-mail: comunica.insac@usp.br
Por Henrique Fontes da Assessoria de Comunicação do InSACFotos: Adaptação de Vitor Guizilini e Marcelo de Faria/InSAC