"Feira USP e as Profissões": uma experiência capaz de mudar vidas e futuros
Estudantes lotaram o gramado em frente ao centro de convenções da USP, em São Carlos
As frases que iniciam este texto mostram a essência do que é a Feira USP e As Profissões sob a perspectiva do professor Marcelo de Andrade Roméro, pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da USP. Para ele, a Feira é capaz de mudar vidas ao tornar possível o que parecia impossível a muitos desses jovens, que acreditavam não ter nenhuma chance de ingressar na USP e, durante o evento, deixam de enxergá-la como inatingível: “Muitos jovens e famílias acham que a USP é paga e levam um susto quando descobrem que estudar aqui é de graça”.
A Feira também pode alterar completamente o rumo desses jovens quando apresenta a eles um leque de oportunidades que, antes, não conheciam. “Nesse evento, o que os institutos mostram são exemplos do que os estudantes podem fazer ao entrar na USP. Tem robôs, tem experiências e experimentos. Então, às vezes o jovem vê aquilo e fala: nossa, eu quero fazer isso!”, disse Roméro.
Vitor (à direita) visitou o estande do ICMC e se surpreendeu com a área de estatística
O estudante Vitor Teixeira, 17 anos, da Escola Estadual Urias Braga Costa, de Araraquara, viveu essa experiência transformadora. Ao sair do centro de convenções em direção ao ônibus que o levaria de volta à escola, ele revelou: “Acabei decidindo o curso que eu quero fazer nesta Feira. Eu até tinha uma ideia do que ia fazer, mas agora tenho um caminho”. Antes de chegar aqui, ele pensava em seguir duas carreiras bem distintas: direito ou ciências de computação. Ao sair do estande do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), a indecisão ainda existia, mas já não era entre campos diferentes do conhecimento: “Acabei decidindo fazer ciências de computação ou estatística. O que me fez mudar de ideia foi a explicação. Eu vi que uma faculdade de exatas não é um bicho de sete cabeças. No estande, me explicaram coisas que eu entendi e acabei relacionando com a minha vida”. Vitor diz que não sabia nada sobre a área de estatística e que não conhecia o curso: “Eles explicaram que a estatística está em tudo no nosso mundo e acabei me interessando.”
A estudante Tiffany Amorim, 16 anos, da Escola Técnica Estadual Francisco Garcia, de Mococa, também vislumbrou novos caminhos na Feira. Ela não pensava muito sobre fazer uma universidade no futuro, mas sentia uma atração pela área de veterinária. Porém, ao visitar o planetário itinerante do Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CePOF), que é sediado no Instituto de Física de São Carlos (IFSC), mudou de ideia. Está pensando em cursar algo na área de astronomia.
Para Tiffany (segunda à esquerda), visita ao planetário despertou encanto pela astronomia
”O ensino médio é um momento de decisões, de várias dúvidas. A Feira é uma oportunidade para esses estudantes verem, na prática, como fazer a melhor escolha da profissão”, explica o professor Cristiano Ramos, do Centro Educacional SESI 110, de Bebedouro. Ele veio de lá com dois ônibus, duas professoras e a coordenadora pedagógica da escola, trazendo alunos do 1º, 2º e 3º anos do ensino médio. “A maioria desses estudantes vai ter uma visão diferente do que é a universidade depois da visita. Para alguns, a USP é algo muito distante da realidade. Eu sempre estudei em escola pública e tive amigos que fizeram USP. Então, é algo possível, não é tão impossível como eles imaginam”, conclui o professor, que se formou em Geografia na UNESP, em Presidente Prudente.
Cristiano: depois da visita, os estudantes passam a ter uma visão diferente sobre a universidade
Interior e capital – Iniciativa da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU), por meio do Programa USP e as Profissões, a Feira possui, ainda, uma edição que acontece na capital, a qual também é realizada anualmente e reúne todas as unidades da USP. Neste ano, a edição da Feira em São Paulo acontecerá nos dias 24, 25 e 26 de agosto, no Parque de Ciência e Tecnologia da USP.
Já a edição campi interior da Feira USP e as Profissões é itinerante e ocorre, a cada ano, em uma das cidades que abrigam um dos seis campi da Universidade: Bauru, Lorena, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto e São Carlos. Nesses municípios, são oferecidos 66 cursos de graduação, totalizando 3.545 vagas no interior do Estado de São Paulo.
“O Grupo Coordenador das Atividades de Cultura e Extensão Universitária do Campus de São Carlos recebeu com muita honra a tarefa de organizar essa Feira”, ressaltou o coordenador do evento, professor Eduardo Nobuhiro Asada, da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC). “Notadamente, ano a ano, há um aumento expressivo no número de participantes. Tivemos, neste evento, mais de 12 mil inscritos, sendo a maioria de grupos escolares compostos por, aproximadamente, metade de escolas privadas e a outra metade de escolas públicas. O alcance do evento também ultrapassa o Estado de São Paulo. Houve grupos inscritos oriundos de Brasília e dos estados do Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro, perfazendo um total de 128 cidades”, completou o professor, durante a abertura do evento.
Além de oferecer orientação sobre os cursos, a Feira contou com atividades como orientação profissional, palestras, apresentações artísticas e culturais e a exibição de projetos de grupos extracurriculares. Na tenda cultural montada em frente ao centro de convenções, os estudantes puderam se divertir e aprender com shows de física e de química.
Uma das atrações foi a apresentação do Projeto Guri – polo São Carlos
“Esse tipo de feira, em que a USP se coloca à disposição da sociedade e mostra a universidade, é uma das funções de extensão mais importantes que realizamos”, disse o pró-reitor de Pós-Graduação, Carlos Gilberto Carlotti Jr., na abertura da Feira. Ele também revelou que fez toda sua formação em escolas públicas: do jardim de infância ao pós-doutorado. Depois da cerimônia, ele falou sobre sua trajetória. Em 1978, ingressou na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, logo depois de concluir o ensino médio, sem passar pelo cursinho: “Tive grandes professores na escola pública e fico chateado com essa mudança de hoje, em que o aluno da escola particular tem mais facilidade para entrar na universidade. Acho que foi uma perda que tivemos. A minha proposição é nós nos aproximarmos muito da escola pública, porque assim vamos melhorar a qualidade dessas escolas e esses meninos e meninas vão ter maior chance de entrar na universidade”.
Enquanto circulava pelos estandes do Centro de Convenções, o Secretário Geral da USP, Ignácio Maria Poveda Velasco, contou: “O que a gente sempre vê nessas feiras é o brilho no olho dos jovens. Eu percebo que existe neles a expectativa, o desejo de um futuro melhor. É isso que a USP representa para todos os jovens no Brasil. E enxergar um futuro melhor depende do conhecimento e da informação, algo que a feira pode trazer a eles”.
Realmente, se em 1977 houvesse uma Feira como essa, o impacto na vida do pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da USP seria incalculável. Graduado em arquitetura e urbanismo, Marcelo de Andrade Roméro conta que gostava de arqueologia, de engenharia florestal e de astronáutica. Só tomou a decisão sobre qual carreira seguir depois de conversar com a família e ouvir de seu pai: “você é arquiteto, nem tenta mudar!”. Aos cinco anos, Romero já fazia as plantas das casas e adorava isso. “Eu não me arrependo de ter estudado arquitetura. Mas se eu fosse a uma Feira e tivesse visto experimentos, poderia ter seguido para outra área. Eu sinto que talvez tivesse ido para a Física.” O relato de Romero revela, mais uma vez, o quanto a Feira USP e as Profissões é, de fato, uma experiência capaz de mudar vidas e futuros.
“Se eu fosse a uma Feira e tivesse visto experimentos, poderia ter seguido para outra área”, disse Roméro.
Por Denise Casatti da Assessoria de Comunicação do ICMC
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