Heliana utilizou os dados de um posto de pesagem da Rodovia dos Imigrantes, que fica no Estado de São Paulo. Os dados recolhidos eram referentes a todo o tráfego da rodovia no ano de 2008. O posto de pesagem forneceu os dados de pesagem por eixo de cada veículo que passava na balança. “Eu recebi o peso desses eixos individualmente. Essa especificação faz com que os modelos se aproximem ainda mais do desgaste original”, diz Heliana.
Modelo único
O tráfego de veículos representa um papel muito importante, tanto no dimensionamento como no comportamento dos pavimentos ao longo do tempo, mas nem todos os locais dispõem de equipamentos para a coleta dos dados necessários. Os dados de pesagem fornecidos foram analisados tentando gerar modelos estatísticos que representassem a distribuição do tráfego original na região.
Os modelos gerados podem ser usados posteriormente para identificar previamente os problemas das rodovias. “Depois de gerar os modelos de acordo com a frequência do desgaste, usamos o método da AASHTO, que foi disponibilizado na internet. Esse programa gera as curvas de desempenho do pavimento para cada tipo de deterioração”, diz. Isso permitiu que Heliana tivesse a curva da evolução da deterioração do pavimento ao longo do tempo.
Há, para cada tipo de defeito, um valor limite dentro do tempo de vida para o pavimento. “Quando esse tempo é alcançado significa que o pavimento chegou no seu limite, no fim da vida e que precisa de uma intervenção para ser melhorado”.
Por exemplo, para o critério de trincas por fadiga do tipo botom-up (de cima para baixo), foi adotado como limite de projeto o valor de 25% da área. Ou seja, quando o pavimento atingir 25% de trincas ele tem de sofrer uma intervenção, pois não oferece mais condições seguras para o tráfego. O modelo prevê quando o pavimento atingirá essa porcentagem, de modo que as intervenções podem ser feitas no tempo certo e antes de acidentes denunciarem os problemas na estrutura da estrada.
O modelo pode ser utilizado em regiões com características parecidas com a Rodovia dos Imigrantes. Heliana diz que pretende expandir o estudo, analisando dados de outras rodovias brasileiras. “No Brasil temos uma carência muito grande de dados. O ideal seria pegar dados de outros postos de pesagem e para cada um deles fazer esse estudo e então depois poderemos ter um panorama geral”.
O estudo Representação do tráfego de veículos rodoviários de carga através de espectros de carga por eixo e seu efeito no desempenho dos pavimentos, que foi orientado pelo professor José Leomar Fernandes Júnior, também da EESC, contribui para a área técnica, pois minimiza os custos e o tempo da coleta de dados, além de contemplar áreas com carência de fontes de dados para análises.
Mais informações:Contato: Heliana Barbosa Fontenele E-mail: heliana@sc.usp.br